Final na Russia em 2018, terceiro lugar no Catar, em 2022. A Era Dourada do futebol croata, que bateu todos os recordes em Campeonatos do Mundo, vai-se desmoronando aos poucos. Do onze que disputou a final do Mundial, há seis anos, subsistem apenas os experientes Luka Modric e Ivan Perisic, já longe do nível que outrora atingiram.

A restruturação da seleção balcã não tem sido expressiva no que toca a juventude, sinal de alerta num país pequeno - menos de quatro milhões de habitantes -, mas que tem habituado a grandes conquistas. Em dia de confronto com Portugal, atualize-se sobre o momento da seleção orientada por Zlatko Dalić.

«Triste, mas inevitável»: o adeus dos grandes

Depois da desilusão na Alemanha - precoce eliminação na fase de grupos -, Brozovic e Domagoj Vida disseram adeus à seleção. Antes disso, já o tinham feito Mandzukic, Corluka e Subasic, que deixaram os axadrezados em 2018, tal como Rakitic em 2019. Todos eles figuras croatas que, com campanhas hercúleas, atingiram o pico planetário com as cores do seu país.

«Ficamos sem dois dos grandes. É um momento triste, especialmente porque fizeram parte da geração de ouro, a melhor geração de sempre futebol croata. No entanto, é algo inevitável», assumiu o selecionador, aquando do início desta concentração.

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«O Vida vem apresentando um desempenho abaixo do esperado há dois anos, mas foi convocado por ser uma peça importante da equipa. Já o Brozovic informou-me da decisão antes do Europeu. É pena que esta seja a sua despedida, porque termina com 99 jogos pela seleção nacional. Quero agradecer a ambos pelos anos maravilhosos na seleção nacional, pelos sucessos e alegrias que partilhamos», acrescentou.

A restruturação de Dalic, homem forte do futebol croata deste 2017, tem sido gradual, em velocidade cruzeiro. Talvez pelo não surgimento de uma fornada de talentos geracionais, como aquela que herdou, talvez pela boa resposta que o núcleo duro foi dando ao longo de todos os grandes torneios. O que é certo é que formula tem sido a elementar, exceptuando o recente desaire em terras germânicas.

Croácia não passou da fase de grupos do Euro 2024 @Getty /

Depois do adeus, a nova vaga dos balcãs

A cara da renovação é claramente Josko Gvardiol. O central do Manchester City vai sendo o canivete suiço - neste caso croata - de Dalic. Ora a central, a dois ou a três, ora como lateral à esquerda, foi a surpresa do Mundial do Catar, embora tenha sido uma das desilusões da campanha inglória no ultimo Europeu.

Martin Baturina e Luka Sucic são vistos como o futuro do miolo croata. O primeiro, irmão de Roko Baturina, que passou pelo Gil Vicente, é indiscutível no Dínamo de Zagreb (mais de 120 jogos aos 21 anos) e não tardará em dar o salto para um campeonato mais competitivo. O segundo é mais um produto da formação do RB Salzburg. Nasceu na Áustria, fez mais de 120 jogo pelos Touros e saiu para a Real Sociedad por dez milhões de euros.

A convocatória croata para o duelo diante de Portugal conta apenas com um estreante: Igor Matanovic, avançado de 21 anos, que até nasceu na Alemanha, seleção que representou até aos sub-19 e brilhou na Bundesliga 2., pelo Karlsruher SC. Agora no Eintrach Frankfurt, o avançado que tem como ídolos Mandzukic - referência inevitável - e Ibrahimovic, é apontado como uma das grandes esperanças para o futuro da seleção, já sem grandes referências no plano ofensivo.

Uma renovada Croácia vai aparecer na Luz esta quinta-feira. Mesmo sem os nomes de anos recentes, desvalorizar esta seleção continua a ser um perigo. No Jamor, em junho, muitas dificuldades foram criadas pelos homens de Dalic.