Aquando o sorteio, receber o Maccabi Tel Aviv parecia uma boa notícia para o SC Braga, que seria favorito e teria boas chances de somar três pontos preciosos num novo formato europeu. Embora os minhotos tenham sido globalmente melhores do que o adversário, sobretudo numa segunda parte quase de sentido único, a quinta-feira parecia vir a terminar com sabor amargo Gverreiros do Minho. A justiça chegou nos minutos finais, com uma reviravolta em cima do apito final que conferiu, na forma de um 2-1, os primeiros pontos europeus aos bracarenses.

Arranque tremido e recheado de ansiedade na equipa arsenalista, a mesma que Carlos Carvalhal tinha pedido, na antevisão ao duelo, para que estivesse nos níveis certos. Os bracarenses foram pouco esclarecidos no último terço, decidiram mal em muitas ocasiões e mesmo quando conseguiram chegar com perigo, algo que só se começou a verificar já depois de concluída a primeira metade da etapa inaugural, a pontaria não esteve afinada.

Os israelitas apresentaram-se no tapete verde da Pedreira como uma boa surpresa. Claramente com diferenças acentuadas entre a linha defensiva e o resto da equipa no que diz respeito à qualidade, o Maccabi Tel Aviv teve, ainda assim, uma ótima entrada em jogo e somou várias aproximações perigosas às redes de Matheus Magalhães.

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O posicionamento dos laterais, Tyrese Asante e Ofir Davidazde, gerou confusão na organização defensiva minhota, com a dúvida do lado contrário entre saltar na pressão aos laterais ou não. Sobretudo numa fase inicial do jogo, Víctor Gómez e Yuri Ribeiro saltaram, mais até este último, mas perante a falha dos defesas centrais em chegar mais perto para encurtar o espaço, não raras vezes os interiores israelitas romperam nessa mesma zona, aproveitando o espaço entre central e lateral e que se tornou ainda maior nesse momento em específico.

Foi dessa forma, com um movimento de rotura, que os israelitas desfizeram o nulo. Dor Peretz, que viveu no espaço entre linhas e a partir dele bombeou todo o sangue necessário para o coletivo, aproveitou o movimento de aproximação do avançado para fazer o contrário e atacar a profundidade. O médio acabou abalroado por Matheus e Osher Davida abriu o ativo a partir dos 11 metros.

Substituições mudaram tudo

A primeira parte terminou com os anfitriões melhor e a conseguirem forçar sobretudo pelo flanco direito, mas sem que isso resultasse necessariamente em finalização. Descontente com o que viu, Carvalhal operou três mudanças ao intervalo, com particular destaque para a troca de Vitor Carvalho por Gorby Baptiste, numa tentativa de dar a fluidez à primeira fase de construção que o centrocampista brasileiro teve muitas dificuldades em dar na primeira parte.

O resultado favorável fez naturalmente o coletivo forasteiro encurtar a manta e priorizar a organização defensiva. Ao mesmo tempo, as quebras de ritmo cada vez mais sucessivas colocavam em ebulição um público cada vez menos paciente com o adversário, mas também com cada erro bracarense. A iniciativa israelita resumiu-se cada vez mais a transições e o SC Braga subiu a linha de pressão, com Gorby a ser importante para o meio-campo chegar mais perto da frente e recuperar em zona mais alta.

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A melhoria evidente dos arsenalistas teve relação com a troca no miolo, mas também com a entrada de Ismael Gharbi, outra das apostas de Carvalhal para a segunda metade. Desconcertante, enérgico e altamente objetivo, o espanhol não esteve com rodriguinhos e procurou sempre fazer uso da grande capacidade no 1v1 para gerar vantagens para o coletivo.

Os segundos 45 minutos jogaram-se praticamente num só sentido. O golo tardava em surgir, mas a justiça chegou na reta final e em forma de grande penalidade. Já depois de Bruma ter empatado (88') - pelo meio, o Maccabi colocou duas bolas no ferro nas únicas investidas que teve -, o vídeo-árbitro (VAR) ajudou a descortinar uma grande penalidade em cima do apito final. A persistência arsenalista foi recompensada e Bruma, que estava até a ter um jogo discreto, fez o segundo da conta pessoal e tornou-se herói.

Com um final impróprio para cardíacos - ainda bates, coração? -, o SC Braga assegurou uma entrada a ganhar na fase de liga da Liga Europa. Segue-se agora o regresso à Liga Portugal Betclic, no próximo domingo, com a receção ao Rio Ave.