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Fernando Pimenta recebeu “uma grande onda de apoio” no regresso a Portugal, mas terminar a sua prestação nos Jogos Olímpicos de Paris com um diploma olímpico e falhar a medalha é tão doloroso como sofrer um desgosto de amor compara.

“Tenho a noção que não dei o meu melhor”, conta o canoísta esta quarta-feira em entrevista à SIC Notícias. "Foram dias e horas de emoções bastante fortes, desde emoções menos boas, depois emoções boas e depois outra vez, emoções menos boas com a notícia da partida do nosso presidente José Manuel Constantino, a quem presto um tributo porque é, sem dúvida, uma baixa de peso para nós, portugueses, e para o desporto nacional.”

Depois do bom desempenho nas primeiras provas, o atleta luso de 34 anos caiu na final de K1 1.000. Chegou mesmo a liderar, mas acabou por terminar a prova no Estádio Náutico de Vaires-sur-Marne em sexto lugar.

“A final dos jogos olímpicos já é passado, agora estou focado no que aí vem”, garante Fernando Pimenta. Para sua surpresa, a derrota não foi sinónimo de menos apoio, pelo contrário.

“Comecei a sentir uma onda de de grande apoio desde sábado e acho que recebi mais mensagens e mais telefonemas do que quando fui campeão do mundo, e muito provavelmente do que quando foi medalhado nos Jogos Olímpicos. Recebi mesmo uma onda de apoio bastante grande e quando cheguei a Ponte de Lima aí é que foi mesmo aquele choque de de apoio. É bom nós sabermos que temos o reconhecimento destas pessoas todas, dos portugueses quer quando conquistámos, quer como temos um momento menos bom.”

A propósito da medalha que escapou na final de K1 1.000, Fernando Pimenta explica que a estratégia passou por manter a serenidade: “Sinceramente estava a sentir-me bastante tranquilo, apesar das milhares de mensagens a dizer que a medalha estava garantida.”

“Não foi por falta de confiança e falta de vontade. Sempre referi que havia uma grande probabilidade de não conseguir medalha, porque conheço a realidade dos Jogos Olímpicos, conheço a realidade e a qualidade dos meus adversários e conheço que muitas vezes para conseguirmos a medalha de ouro é preciso estar mesmo tudo muito, muito alinhado, ter sido tudo muito perfeito.”

Questionado se o facto de ter a oportunidade de conquistar ser o primeiro português a chegar à terceira medalha olímpica tinha representado uma pressão extra, o canoísta nota que a expectativa nunca mudou: “Acho que é, é normal as pessoas pensarem em medalhas quando o Fernando Pimenta entra em competição, felizmente acho que é isso que eu que eu tenho vindo a fazer, a conquistar medalhas e excelentes resultados."

Foi “um momento de frustração”, confessa. “Não é algo ao qual eu me consiga habituar, não é algo que eu gosto”, conta, apesar de lhe dizerem por vezes que também é importante “sentir o sabor da derrota”.

“Acabei por sentir que deitei todo o trabalho destes últimos anos por água abaixo por, muito provavelmente nos últimos metros, não conseguir gerir a emoção (…) O que eu digo às pessoas que me perguntam como é que eu estou é que sinceramente ainda estou com o coração partido. Acho que isto é pior do que um desgosto de amor”, lamenta.