A estrada passou o dia bastante hidratada. As condições meteorológicas apelavam ao uso de um equipamento mais robusto, preferencialmente com mangas compridas estendidas pelos braços. Infiltrado no pelotão estava um indivíduo mais aprumado do que os outros. O brio com que Tadej Pogacar se trajou nada esteve relacionado com o respingar. É que, finalmente, o esloveno tem uma camisola autoexplicativa, que se manifesta sobre a sua grandeza quando o ciclista está de boca fechada.

No Giro dell'Emilia, pela primeira vez, Pogacar correu contornado pelo arco-íris associado ao título de campeão do mundo que conquistou em Zurique. Foi com essa capa que cortou a meta da clássica italiana sem ninguém que o precedesse. Após dois segundos lugares, o líder da UAE Emirates estreou-se a vencer a prova.

A Basílica de San Luca, onde termina o Giro dell'Emilia, exige uma peregrinação desgastante para lá se conseguir ganhar. A prova continha cinco passagens por aquele local. Para não restarem dúvidas, na primeira, Pogacar já estava isolado e assim se manteria nos restantes 38 quilómetros. Matteo Jorgenson quis segui-lo e falhou redondamente.

Primoz Roglic, o vencedor da Vuelta, a única corrida de três semanas de 2024 que Pogacar não arrecadou, ficaria longe de discutir o Giro dell'Emilia com o compatriota. O corredor da Red Bull-BORA-hansgrohe que, sozinho, assumiu a perseguição foi Florian Lipowitz. Ainda assim, o alemão cedeu o segundo lugar a Thomas Pidcock. Davide Piganzoli fechou o pódio. O azarado do dia foi Remco Evenepoel, campeão olímpico, que abandonou.

Dada a temperatura, Tadej Pogacar não terá aquecido muito para a Volta à Lombardia, mas leva a 24.ª vitória da época e, antes do último monumento do ano, que se corre a 12 de outubro, pode ainda conseguir mais uma, no Tre Valli Varesine. Um verdadeiro insaciável.