Londres. 15 horas.

Depois de uma sandes mista, uma Coca-Cola e uma maçã cortada em pedaços para o almoço, é hora de arrumarmos a mochila e deslocarmo-nos para a porta 27 do aeroporto de Luton. A saída da cidade do Porto aconteceu às primeiras horas da manhã, a escala em Londres está praticamente a chegar ao fim e é agora altura de seguirmos para o nosso destino - Belgrado.

O processo não é o mais prazeroso: o habitual ziguezaguear por entre as fitas do aeroporto aliado ao processo de apalparmos o bolso do casaco para confirmarmos se não perdemos o passaporte (continua cá).

Quando alcançamos o grupo de pessoas que espera para embarcar para a Sérvia, um pormenor suscita a nossa curiosidade: o jovem a quem sucedemos no último lugar da fila tem um cachecol do Benfica preso à mochila.

«É bom começarmos a sentir o ambiente do jogo», dizemos. Este conjunto de palavras tem como resposta um estender de mão, pelo que está dado o pontapé de saída para a conversa que se segue nos minutos seguintes.

Um amor que supera a distância

Ricardo Prazeres. Eis o nome do segundo interveniente desta história. Aos 19 anos, este estudante universitário do ramo dos negócios e finanças prepara-se para rumar a Belgrado para ver o seu Benfica jogar contra o Estrela Vermelha. Nasci em Lisboa, mas emigrei para Londres com dois anos e vivo cá desde essa altura. Ainda assim, há uma coisa que não se perdeu: sou benfiquista e vejo todos os jogos que posso. O clube acaba por ser um ligação à minha família que está em Portugal, a minha maior conexão com o meu avô é sermos benfiquistas», começa por partilhar o adepto encarnado connosco.

Esta descrição deixa-nos curiosos: então este não é o primeiro ‘away’ de Ricardo a acompanhar as águias? «Exatamente! Por exemplo, na época passada fui a Espanha ver o jogo com a Real Sociedad, fui a Marselha e estive também na Escócia para o jogo com Celtic. Para além disso, quando estou em Portugal vou sempre ver jogos, no primeiro e no segundo jogos do campeonato é certo que estou no Estádio da Luz. Acabo por gerir as minhas férias um pouco em função do Benfica, daqui a umas semanas volto a Lisboa para o jogo com o FC Porto.»

Ainda que o ato de acompanhar o Benfica seja algo habitual para Ricardo, o jovem confessa que as expectativas para o embate com o Estrela Vermelha são bastante altas. «Este é daqueles estádios que sempre quis visitar por causa do ambiente que tem. Não havia outra hipótese, tinha mesmo de vir. Sei que não vai ser um jogo fácil, os adeptos do Estrela Vermelha são bastante fervorosos e apoiam muito a equipa. É algo que impõe respeito, mas o Benfica tem de ganhar este jogo e vai ganhar este jogo. Acredito num 2-1 ou num 3-1 para nós», defende.

Aventuras e apoio total a Lage

No meio de tantas viagens, as histórias caricatas devem suceder-se com frequência...

«Uma das últimas foi na deslocação à Escócia. Eu e o meu avô marcámos a viagem muito em cima e, ainda para mais, chegámos bastante tarde. Ou seja, fomos para lá sem alojamento reservado. Resultado: não conseguimos encontrar um sítio para dormir e tivemos de ficar a dormir no aeroporto. Só no dia seguinte é que conseguimos um hotel, fomos lá tomar um banho e seguimos diretos para o jogo», recorda.

As escadas de acesso ao avião aproximam-se, pelo que há tempo para apenas mais uma pergunta: o que espera Ricardo desta segunda passagem de Bruno Lage pelo Benfica? «Não sei se era a melhor escolha, mas agora é o nosso treinador. Estamos atrás dele a apoiá-lo e acredito que ele vai levar este plantel de luxo ao mais alto nível.»

Boa viagem, Ricardo. Talvez nos vejamos no estádio!