ENTREVISTA | O goleador do Anadia FC que só é superado por Gyökeres: «Gostava de chegar à marca dos 20 golos»

As mudanças são, de forma geral, complicadas, sobretudo nos primeiros tempos. Novos ambientes, novas envolvências, novos hábitos: tudo é novo. Um jogador de futebol está sempre sujeito a esses grandes passos na carreira, sobretudo se a missão passar por mudar de continente. Yan Maranhão, atualmente com a camisola do Anadia FC, na Liga 3, foi um desses casos no último mercado de transferências de verão.

O jovem, atualmente com 22 anos, abandonou o Brasil pela primeira vez e foi atrás dos seus sonhos no futebol europeu. E o caro leitor pergunta: como têm sido os primeiros meses do camisola 99? Nove encontros, nove golos em todas as competições (melhor marcador da Liga 3 Serie A e da Taça de Portugal), um cenário apenas superado por Viktor Gyökeres, pois claro - se tivermos em conta todas as provas nacionais: pode consultar o resto da lista aqui.

A extensa base de dados do zerozero permitiu «detetar» esta veia goleadora no terceiro escalão do futebol português. Bem sabemos que ainda estamos na fase inicial da temporada, mas os adeptos do futebol português já começam a ouvir o nome de Yan Maranhão com insistência...

Em entrevista ao nosso portal, o ponta de lança falou sobre os objetivos no seu trajeto, explicou quais os segredos para este momento de forma, confessou que não sabia que estava no pódio no que toca a golos e explicou a sua chegada ao Atlético Goianense, do Brasileirão, onde estreou-se a nível senior apenas com 17 anos.

ZEROZERO (ZZ): São nove jogos realizados e nove golos apontados. Como é que se tem sentido neste início de temporada com o Anadia FC?

YAN MARANHÃO (YM): Acho que tem sido fantástico do ponto de vista individual. Contei com uma sequência incrível de remates certeiros. Já é o meu melhor registo a nível senior. Ainda assim, não começamos a Liga 3 com o pé direito, mas conseguimos dar a volta com vitórias importantes. Agora vamos ter a Taça de Portugal pela frente, fruto de um duelo contra o Estrela da Amadora. Espero que consigamos seguir em frente na prova.

ZZ: Esse registo goleador em Portugal (contabilizando as provas nacionais) apenas é ultrapassado pelo Viktor Gyökeres, avançado do Sporting...

YM: Não tinha noção! Fico muito contente por ter atingido estes números numa fase prepoca da época. Estou mesmo focado em ajudar a equipa a atingir os objetivos propostos. Espero que, no final do ano, todos os cenários idealizados tenham sido cumpridos com sucesso.

ZZ: Está a ser primeira experiência no futebol europeu, depois de vários anos em distintas equipas do futebol brasileiro. Alguma vez tinha pensado num impacto tão imediato, sobretudo longe de casa?

YM: Nunca, nunca. Acho que já estou bem adaptado ao futebol português. Foi um processo rápido. As pessoas que trabalham comigo diariamente são incríveis. Segredo para esta sequência? Acredito que o trabalho diário é uma peça fundamental para o sucesso. Acho que nada vence o trabalho realizado por nós. O dia-a-dia também assume um papel preponderante no trajeto de um jogador de futebol. Espero ajudar cada vez mais com golos, assistências e claro, vitórias.

ZZ: Como é que surgiu a oportunidade de vir para Portugal no início da presente época?

YM: Foi através do meu empresário e do presidente do Anadia FC. Apesar de estar aqui há pouco tempo, já percebi que existem algumas diferenças relativamente ao que estava habituado em termos de futebol. A parte tática é muito mais valorizada. A parte técnica também é trabalhada, mas sinto que existe muito enfoque nos aspetos táticos.

ZZ: Do que é que tem mais saudades do Brasil?

YM: Da minha família, claro. Se pudesse, neste momento, estava com eles neste momento [risos]. Estou aqui sozinho. No Brasil faz mais calor, porém, é mais difícil para treinar e acaba por cansar o jogador de outra forma (...) Tenho muitas saudades da comida brasileira, mas a comida aqui também é bastante boa [risos]. Já experimentei espetada. Bacalhau não gosto muito, pois não sou fã de peixe.

ZZ: Ainda relativamente à aventura no Brasil. Vivenciou diferentes aventuras na formação e estreou-se a nível senior pelo Atlético Goianense. Era um dos grandes objetivos da carreira?

YM: Sim, mas acho que era muito imaturo. Tomei várias decisões erradas e isso acabou por prejudicar-me muito. É por causa disso, no meu entender, que não consegui ficar vários anos no clube. Vim para Portugal com essa meta em mente. Acredito que, neste momento, estou 100 por cento focado nos objetivos propostos.

ZZ: Como é que um jovem lida com todos esses momentos na curta carreira? Passou de uma equipa do Brasileirão para o quarto escalão do futebol brasileiro, mas com a camisola do União Rondonópolis.

YM: É complicado. Eu vim de uma cidade muito pequena no Brasil, no estado do Maranhão. Fiz captações numa equipa de Goiânia e consegui destacar-me com vários golos marcados. O Atlético Goianense reparou em mim e contratou-me para as comadas jovens. O objetivo passa sempre por subir cada vez mais, ou seja, cada passo que damos, ficamos bastante valorizados. É necessário ter os pés bem assentes na terra e não ter medo de dar um passo atrás. Tenho muitos sonhos nesta trajetória e é muito gratificante levar o nome da minha localidade pelo mundo fora. Acredito que vou chegar ao mais alto nível.

ZZ: Quais os objetivos coletivos para esta temporada?

YM: Acredito que vamos terminar a primeira fase em zona de subida e, posteriormente, lutar pela promoção para o segundo escalão do andebol português. Temos todas as condições para atingirmos esse tipo de patamares, pese embora a derrota na última jornada diante do São João de Ver.

ZZ: E em termos individuais, existe alguma meta de golos a atingir ou preferes deixar isso para segundo plano?

YM: [Pausa] Uns 20 golos, diria. Não vou negar que o principal objetivo passa por terminar o ano como o melhor marcador da competição. Sei que é um cenário bastante difícil de atingir, pois existem inúmeros jogadores com qualidade. O cenário é idêntico na Taça de Portugal. Vou fazer o meu melhor e o resto aparece por acréscimo.

ZZ: O próximo fim-de-semana é reservado à emoção da Taça de Portugal, uma vez que vão defrontar o Estrela da Amadora, da Primeira Liga Portuguesa. Como é que olham para esse encontro?

YM: É uma partida com importância acrescida. Penso que são nesses duelos onde os grandes jogadores aparecem. Vamos tentar manter o nível que temos vindo a demonstrar nas últimas semanas e, se possível, seguir em frente na prova contra um adversário com bastante qualidade. Os jogadores ficam nervosos até ao primeiro toque na bola, depois estamos focados. Prognóstico? Diria 1-0, o suficiente para a qualificação para a próxima fase [risos].