O FC Porto aceitou esta segunda-feira uma oferta de 50 milhões por Galeno, formalizada através do PIF (Public Investment Fund). Esse fundo estatal tem participações decisivas nos quatro maiores emblemas da Arábia Saudita e colocaria seguidamente o internacional brasileiro no Al Ittihad, confirmou o zerozero.

Depois da troca de documentações entre as partes, o FC Porto foi surpreendido por várias horas de silêncio e, já ao início da noite, o negócio acabou mesmo por cair. Com consequências ainda por perceber.

O processo provocou enorme desconforto na SAD liderada por André Villas-Boas.

O contacto inicial foi feito por um representante do fundo árabe. A primeira oferta de 40 milhões de euros acabou recusada e a segunda, de 50, encontrou concordância na cúpula azul e branca. Os 50 milhões iriam permitir superar os números alcançados com as vendas de Luis Díaz, Vitinha e Fábio Vieira, por exemplo.

Galeno foi autorizado a realizar exames médicos e, sem nada o indiciar, da parte árabe deixou de haver comunicação.

Além do lado financeiro, não é despiciendo falar da parte emocional. Galeno despediu-se de todos os colegas, sentiu que ia realmente partir para o Al Ittihad e deslocou-se para a clínica privada onde Danilo já fazia a bateria de avaliação clínica.

Nesse instante, ninguém do lado árabe assumiu as custas dos exames e, a partir daí, o FC Porto percebeu que não estava a negociar olhos nos olhos, mas com alguém que se move nas sombras.

Recurso à FIFA sob avaliação

Perante estes dados extraordinários, o FC Porto ainda foi capaz de reunir uma última vez com os representantes árabes. As explicações dadas foram pobres e insuficientes, na perspetiva portista. O Al Ittihad, que tem Domingos Soares de Oliveira - ex-diretor financeiro e vice presidente da SAD do Benfica -, à frente do futebol profissional, optou pelo neerlandês Steven Bergwijn.

Quando, sublinhe-se uma vez mais, havia acordo formal e documentação trocada entre os envolvidos.

Falta revelar mais um pormenor. Ao selar a saída de Galeno, e a acreditar durante algumas horas que a mesma seria efetivada, o FC Porto olhou e abordou possíveis substitutos para as alas do ataque. Também isso teve de ser suspenso repentinamente.

O departamento jurídico do FC Porto tem toda a documentação em sua posse e analisa, nesta altura, se há fundamento para formalizar uma queixa contra o Al Ittihad na FIFA.

Galeno continuará à disposição de Vítor Bruno.

Em comunicado oficial, o FC Porto reagiu ao falhanço das negociações e ao comportamento dos enviados árabes.

«A propósito da transferência gorada do atleta Wenderson Galeno para o Al-Ittihad, o FC Porto informa que irá enviar uma comunicação para o Chairman do referido clube e para o Chairman da Liga da Arábia Saudita, dando nota do profundo desagrado pela forma como o processo foi conduzido e abortado após se ter chegado a um acordo total entre os clubes e o atleta.

O FC Porto congratula-se por poder contar com o jogador Galeno nos seus quadros e reforça a confiança nas capacidades e na motivação do profissional para continuar o magnífico desempenho que tem vindo a exibir no FC Porto.»