Pode não ter sido o desafio com a maior profundidade técnico-tática, mas uma coisa é certa: é por jogos com este nível de tensão e espetáculo que os adeptos vêem futebol. Manchester City e Arsenal não desiludiram nesta tarde de cinema nas quatro linhas e, em jogo de loucos, os gunners, com menos um em toda a segunda parte, estiveram a segundos de conseguir a vitória, mas a partida terminou com 2-2 no marcador.

Cinco segundos bastaram para que Havertz derrubasse Rodri. Um presságio para aquilo que seria o jogo: físico, quezilento e com o médio espanhol, infelizmente, queixoso no chão. Mas lá chegaremos. Savinho foi titular, tal como Rúben Dias e Bernardo Silva e, aos 9 minutos, passou por Calafiori, viu Haaland a pedir-lhe a bola e colocou no norueguês que, face a desposicionamento de Gabriel, ficou na cara de Raya e não vacilou. 105 jogos pelo Man. City, 100 golos apontados pelo avançado.

Tudo corria de feição ao Manchester City, que dominava a posse de bola e não permitia que o Arsenal chegasse ao ataque. Só que, aos 20 minutos... tudo começou a correr mal. Rodri caiu sozinho, saiu lesionado e em lágrimas e, na sequência do lance, uma falta a meio-campo deixou o Man. City desposicionado, Martinelli deixou em Calafiori e o italiano, com um pontapé fantástico, empatou a partida.

Aos 25 minutos, mudava o paradigma do jogo. Sem Rodri, o Manchester City não conseguia manter a posse de bola da mesma maneira e, ao mesmo tempo, o Arsenal ia crescendo. Apesar disso, foi de uma bola parada que os gunners assinaram a reviravolta, mesmo em cima dos 45': tal como no dérbi contra o Tottenham, Saka bateu da direita para o segundo poste e Gabriel Magalhães, nas alturas, atirou com extraordinária potência - ainda que existam algumas dúvidas sobre se havia falta de Martinelli sobre Ederson. De repente, o Arsenal ia para o intervalo com mais um golo marcado.

O problema para Arteta é que também iria para o segundo tempo... com menos um em campo. Trossard, já amarelado, caiu sobre Bernardo Silva, pontapeou a bola e viu o segundo cartão e consequente vermelho. Estava, assim, lançado o mote para a segunda parte: era preciso frieza e insistência do Manchester City, o Arsenal necessitava de coragem e paciência para aguentar a vantagem.

Essa lógica levou o técnico dos gunners a tirar Saka e colocar Ben White em campo. Ou seja, o Arsenal atacava a segunda parte com cinco defesas-centrais de raiz. Não raras foram as vezes que uma linha de seis se montava, já dentro do último terço, para parar o ímpeto do City que, através de Haaland, Gvardiol ou Kovacic, os mais inconformados no ataque à baliza.

Muito fez o espanhol, em grande momento de forma e, por outro lado, os skyblues não conseguiam bater a muralha adversária. O empate tardava em chegar, devido ao mérito dos jogadores do Arsenal que, em estado de sofrimento constante, conseguiram ter o calculismo de não abrir qualquer espaço ao adversário.

Tudo isto é válido até ao minuto 90+8. Os mais de 50 minutos de concentração tiveram apenas um desaire, que se revelou fatal. Canto batido à maneira curta, Kovacic ficou sozinho, rematou para desvio e Stones, acabado de entrar, desviou para a apoteose no Estádio Etihad. O jogo não fecharia sem mais uma escaramuça entre Haaland e Saliba - e todos os que se colocaram à volta da confusão - mas já não havia tempo para mais.

Um ponto para cada lado, porventura injusto por tudo o que o Arsenal conseguiu fazer, mas um lance de desconcentração, frente a este Manchester City, é letal. Termina em igualdade um enorme espetáculo de futebol, entre duas equipas que vão defrontar o Sporting na Liga dos Campeões.