PARIS - Gustavo Ribeiro entrou com tudo e saiu sem nada.

Poucos minutos após ter falhado a qualificação para a final da vertente de street do skate olímpico, o português de 23 anos surgiu na zona mista para falar com os jornalistas com olhar emocionado e voz embargada.

Ainda assim, e apesar de ter começado por dizer que não esteve com a cabeça no lugar, foi um discurso sóbrio que apresentou. Referiu que estava muito confiante e que tinha um exercício que lhe podia dar um lugar claro na final. Não correu bem e terminou em 17.º, entre 22 participantes.

«Eu entrei com tudo o que tinha. Sei que a minha run era uma das mais técnicas que estava em competição. Sei que se acertasse o meu plano, provavelmente entrava nos três primeiros para a final. Os treinos correram bem, mas eu não consegui completar o meu plano, infelizmente», começou por dizer.

«O skate às vezes é um pouco injusto, podes trabalhar durante anos, mas acordas um dia um pouco pior e as coisas não funcionam. Senti que era o meu dia, estava bastante preparado, mas infelizmente não consegui andar de skate da maneira que eu queria», acrescentou.

Sobre o momento em que foi derrubado devido a uma câmara, na segunda run, depois de ter caído na primeira, o português garantiu que isso não o desconcentrou. Nem a mudança do dia da prova, que não foi possível realizar no sábado, devido à chuva.

Para o jovem atleta, não houve qualquer fator externo a prejudicá-lo.

«Acho que não. Não gosto de arranjar desculpas para nada. Na minha segunda run, de facto, não consegui fazer a manobra devido ao cameraman, porque não tive espaço suficiente. Até pensei que eles não me iam dar a oportunidade para repetir a run, e deram. Mas não consegui completar novamente. Não foi isso que me afetou. Estava talvez demasiado pressionado», assumiu.

Mas pressionado por quem? Questionado se a pressão de que falava era por ser considerado um dos principais candidatos portugueses a medalhas, o lisboeta referiu que é ele próprio quem mais se pressiona.

«Eu acho que sou eu que meto um bocadinho de pressão a mais em cima de mim. Sempre disse e sei que funciona bastante bem com a pressão. Às vezes a coisa não funciona, aqui, infelizmente não funcionou. Eu queria bastante, mas agora é levantar a cabeça e continuar o caminho», rematou.

E também não foi culpa do percurso, que Gustavo elogiara e voltou a elogiar.

«Gostei bastante do skate parque. Não há desculpa nenhuma, os treinos estavam a correr lindamente. Tive o azar de a prova não correr como eu queria. E agora é seguir para a próxima. Nada acaba aqui, ainda falta uma longa caminhada. Sou bastante novo, tenho ainda muitas oportunidades», disse também.

Sem desculpas, o atleta despediu-se com um agradecimento pelo forte apoio que recebeu durante a prova… e um pedido de desculpa.

«Senti bastante o apoio dos portugueses. Pensei que ia estar um bocadinho menos gente de Portugal, mas estava bastante. Tinha alguns amigos aqui e quero agradecer a todos os portugueses pelo apoio. E pedir desculpa pela minha performance», terminou.