A Associação Internacional de Boxe (IBA), excluída do movimento olímpico, insistiu esta segunda-feira que as lutadoras Imane Khelif e Lin Yu-ting são homens, quando as duas estão apuradas para as meias-finais nos Jogos Olímpicos Paris2024.
Excluídas pela IBA dos Mundiais de 2023, com base em testes que nunca divulgaram, a argelina Khelif, que compete em -66 kg, e a taiwanesa Yu-ting, em -57 kg, são agora alvo de novo ataque do presidente daquela instituição, o empresário russo Umar Kremlev.
“Não é justo”: em lágrimas, pugilista italiana abandona combate olímpico frente a atleta argelina
Segundo este, o médico grego Ioannis Filippatos, antigo diretor da comissão médica da IBA, detetou "anomalias" em 2022, que estiveram na base dos novos testes, um para testosterona e outro ao cariótipo, um estudo de cromossomas.
"O resultado médico dos testes sanguíneos, e isto dizem os laboratórios, mostra que estas duas pugilistas são homens", declarou Filippatos, sem dar quaisquer detalhes adicionais a esta acusação.
De resto, o Comité Olímpico Internacional (COI) refuta por completo estas decisões "arbitrárias" por parte da IBA, que anunciou que recompensaria uma das lutadoras derrotadas por Khelif, e tem insistido que este é um não-assunto.
"Imane Khelif nasceu mulher, está registada como mulher, vive como mulher e luta como mulher", declarou o porta-voz do COI, Mark Adams.
Khelif garantiu já uma medalha nos Jogos Paris2024, ao apurar-se para as meias-finais da categoria de -66 kg, numa modalidade que atribui dois bronzes, assim como Yu-ting.
As duas enfrentaram escrutínio internacional depois de terem sido banidas do mundial de 2023 pela IBA, entidade reguladora excluída do olimpismo pelo COI, e na qual competiram desde sempre, e que nunca apresentou dados concretos para justificar a sua nova decisão, alicerçada em supostos níveis elevados de testosterona.
No domingo, Khelif recusou responder quando questionada se tinha sido submetida pela IBA a outros exames além dos testes antidoping, dizendo que não queria falar sobre o assunto.
Imane Khelif pede "fim do bullying"
A atleta, que esta segunda-feira pediu que "o bullying" parasse, expressou gratidão ao COI e a Thomas Bach por a terem apoiado: "Sei que o Comité Olímpico me fez justiça e estou feliz com esta solução porque mostra a verdade".
Esta situação tem sido mesmo das mais polémicas de Paris2024, com os debates nas redes sociais, nos quais até já participam, entre outros, o antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a escritora J.K. Rowling, ou a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
"Vamos ser muito claros aqui: estamos a falar sobre boxe feminino. Temos duas pugilistas que nasceram mulheres, que foram criadas como mulheres, que têm passaporte de mulher e que competem há muitos anos como mulheres. E esta é a definição clara de mulher. Nunca houve qualquer dúvida sobre elas serem mulheres", defendeu no sábado o presidente do COI, Thomas Bach.
Com LUSA
Visite o Especial Jogos Olímpicos
Paris 2024:
- Guia sobre os Jogos Olímpicos de Paris
- Por que motivo a mascote dos Jogos Olímpicos 2024 é um barrete?
- Vila Olímpica: a "casa" de 15.000 atletas durante os Jogos de Paris
- Dez filmes e séries para entrar no espírito dos Jogos Olímpicos
- De Nova Iorque a Paris: o que é o breaking, a nova modalidade dos Jogos Olímpicos
Portugal nos Jogos Olímpicos:
- As 28 medalhas conquistadas por Portugal em Jogos Olímpicos
- Jogos Olímpicos: a (histórica) lista de atletas portugueses qualificados para Paris 2024
História dos Jogos Olímpicos:
- Jogos Olímpicos: a origem de uma das maiores competições de desporto do mundo
- Nudez, castigos corporais e violência: (algumas) curiosidades sobre os Jogos Olímpicos da Antiguidade
- De Olímpia para o estádio olímpico: a chama que não se apaga
Quizzes: