A judoca portuguesa Rochele Nunes foi eliminada nos oitavos de final dos +78 kg, mas garante estar "orgulhosa" de ter superado o percurso difícil que a levou até aos Jogos Olímpicos.
Na estreia em Paris2024, Rochele Nunes tinha entrado com uma vitória, perante a tunisina Sarra Mzougui, desclassificada com um terceiro castigo, mas a derrota a meio do segundo combate tirou-a dos Jogos Olímpicos.
“Ainda um pouco triste falar sobre a minha derrota, mas consigo já erguer a minha cabeça aos poucos”, conta em entrevista à SIC Notícias. Agora é tempo de “descansar e refletir” sobre o ciclo olímpico, que foi “muito duro”.
Rochele Nunes revelou, depois da eliminação, que estava lidar com a morte de sete anos, há apenas seis meses.
“Tive de continuar, tive de ser forte durante a preparação, mas confesso que coloquei um pouco em risco” a participação nos Jogos Olímpicos. “Consegui dar o meu melhor e fico pelo menos com a consciência tranquila de que foi feito um bom trabalho.”
“Em momentos em que tinha de ser forte não estava a conseguir mesmo. Às vezes em momentos de descanso ia adormecer em lágrimas. Tive de vestir praticamente uma capa de super-herói, todos os dias, para continuar no tapete."
O apoio da família, mas também do clube e dos treinadores foi essencial, aponta a judoca. Uma vez terminado o percurso nos jogos, é altura de encarar finalmente o luto.
“Talvez a minha derrota tenha doido um pouco mais porque agora sinto que posso sofrer um pouco mais em paz e fazer esse processo de luto também.”
Sobre os treinos em Portugal, Rochele Nunes conta que "são muito intensos”, incluindo lutas contra adversárias e até homens, uma vez que não há no país nenhuma outra atleta da categoria +78 kg que a possa ajudar.
A judoca de 35 anos nasceu no Brasil e praticava ballet antes de se dedicar ao judo. “Sei que é incrível, porque não tem nada a ver com a luta, mas eu gostava muito.”
A única medalha portuguesa nesta edição dos Jogos Olímpicos (bronze) foi vencida pela judoca Patrícia Sampaio. Rochele Nunes acredita que foi bem entregue.
“No judo somos poucos, mas temos muitos atletas qualidade (…) A medalha da Patrícia Sampaio foi uma surpresa para alguns, mas para mim confesso que não, porque sabia da dedicação dela."