Kika Nazareth transferiu-se, no início desta temporada, do Benfica, emblema onde fez formação, para o Barcelona e protagonizou a transferência mais cara do futebol feminino em Portugal. A dar os primeiros passos no clube catalão, a jovem atleta comentou, esta quarta-feira, a saída das águias.
Em declarações à revista Forbes Portugal, a médio dos culés revelou que o valor da transferência coloca responsabilidade e pressão acrescida nas suas exibições e destacou a vontade de conseguir valorizar a sua qualidade enquanto jogadora: «Em tom de desabafo, acho que traz mais responsabilidades negativas do que positivas. Pelo menos da forma como eu lido com este número, que é extraordinariamente grande e às vezes assusta. Por mais que eu seja feliz, e estou muito feliz, por mais que eu me queira esquecer desta parte dos dinheiros e só me queira focar na felicidade, às vezes estas coisas vêm ao de cima.»
«O dinheiro traz responsabilidade e inseguranças. E dou um exemplo muito básico: eu falho um passe – e isto são coisas que têm de ser trabalhadas – mas é uma pressão acrescida. Falho e em vez de pensar que a seguir tenho outro passe, penso: 'bolas, pagaram isso por mim e eu agora estou a fazer isto?'», continuou.
«É o mundo do futebol, e por um lado ainda bem que as coisas estão a crescer e daqui para a frente muitas mais transferências serão feitas, mas é uma pressão acrescida. Eu também tenho de conseguir mudar esta minha forma de pensar, tenho de dar valor a mim própria, e isso é reconhecer a minha qualidade», frisou.
Questionada sobre deixar o Benfica, Kika explicou as razões: «Foi a decisão mais fácil e a decisão mais difícil que já tive de tomar na minha vida. O Barcelona é a melhor equipa do mundo no futebol feminino, eu tenho de me sentir realizada no sentido em que a melhor equipa do mundo me quer.»
«Seguindo esta linha de pensamento, a decisão era fácil. Vou aprender, vou ser uma jogadora melhor, vou ser eventualmente uma pessoa melhor. Depois tinha o Benfica, que continuo a ter, mas que foi uma decisão tramada e difícil. É deixar para trás a casa que me fez crescer, que me acolheu desde o meu primeiro dia, o sítio onde eu mais aprendi, onde eu mais sorri, mais chorei, mais amizades fiz, mais sentimentos desenvolvi. É deixar para trás o motivo pelo qual estou agora no Barcelona», concluiu.