Duas derrotas por 'ippon' afastaram esta quinta-feira o judoca português Miguel Vieira, campeão mundial e europeu, do torneio de -60 kg J1, para cegos totais, dos Jogos Paralímpicos Paris 2024.

Depois de ter ficado isento da primeira ronda, o judoca português, de 39 anos, foi derrotado nos quartos de final pelo indonésio Junaedi, num combate que durou 1.37 minutos, sendo relegado para a repescagem.

Na Arena Champs de Mars, o português, do Clube Judo Total, terceiro do ranking mundial, cedeu perante o brasileiro Elielton de Oliveira, aos 3.38 minutos, depois de já ter tido uma advertência.

"Tinha tudo para ganhar e não ganhei, é um atleta muito forte no chão, daí eu ter tido a cautela de não fazer o combate no chão", afirmou Miguel Vieira, após ter defrontado o judoca brasileiro.

Miguel Vieira considerou que no início o combate "estava a correr bem", e explicou a estratégia que tinha pensada: "Entendi que tinha o controlo, apesar de ele ter atacado duas ou três vezes, mas foram ataques que não me convenceram".

"No 'ippon' ele consegui rodar no sentido onde eu ia projetá-lo, e como a pega dele já estava na minha gola foi só continuar o movimento no chão, é um adversário muito forte no chão tem muitas possibilidades em técnicas de luxação e estrangulamento", explicou Miguel Vieira, acrescentando: "Nunca perdi com ele em projeção, foi sempre por ação no solo".

Miguel Vieira, que somou a sua segunda participação paralímpica depois do Rio 2016, referiu que a advertência não condicionou o combate, considerando que a mesma foi estudada pelo adversário.

"O treinador dele também me conhece, sabe o meu judo, já trabalhou várias vezes comigo. A orientação que ele deu ao adversário foi, de certeza, condicionar ao máximo as minhas pegas e fazer com que eu não atacasse", disse.

O judoca admitiu que chegar a Paris 2024 com o estatuto de campeão do Mundo e da Europa, pode ter influência na forma como os adversários encaram os combates.

"Ser campeão do mundo e da Europa faz com que nos tornemos o principal alvo a abater. Se não fosse campeão em título, talvez a minha preparação também passasse por perceber o que faz o campeão mundial, porque nunca sabemos o que nos vai calhar".

Na sexta-feira, o judo português volta à Arena Champs de Mars, com Djibrilo Iafa a competir no torneio de -73 kg J1, prova na qual foi nono em Tóquio 2020.

No judo paralímpico, que integra o programa desde Seul 1988, os atletas são divididos por peso e por três classes, de acordo com o grau da deficiência visual.