O Mundial 2024 de futsal vai contar com uma presença inédita de dois árbitros portugueses, o experiente Eduardo Coelho e o estreante Cristiano Santos, que destacaram o crescimento e a evolução do setor arbitral no país.
Eduardo Coelho, de 44 anos, da associação de Aveiro, vai somar a quarta participação numa fase final de um Campeonato do Mundo, depois das presenças na Tailândia (2012), Colômbia (2016) e Lituânia (2021), ao passo que Cristiano Santos, de 34 anos, da associação do Porto, estará pela primeira vez na carreira na competição.
"A presença de dois árbitros portugueses numa competição desta magnitude reflete o crescimento e a evolução da arbitragem em Portugal. Demonstra que o nosso trabalho é reconhecido internacionalmente e sinaliza que estamos a seguir o caminho certo em termos de formação, dedicação e qualidade. Esta nomeação dupla mostra que confiam no nível da arbitragem portuguesa, e isso só nos motiva a continuar a elevar os nossos padrões", salientou Eduardo Coelho, em respostas escritas a questões feitas pela Lusa.
O aveirense destacou ainda as "condições excecionais" proporcionadas pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e pelo Conselho de Arbitragem (CA) no desenvolvimento do setor, o que é demonstrado no "suporte contínuo e investimentos significativos" na formação.
"Reflete um desenvolvimento sólido e contínuo da arbitragem portuguesa. Demonstra que o trabalho realizado a nível nacional, na formação e nas oportunidades, está a dar frutos. É um reconhecimento internacional da qualidade da nossa arbitragem e servirá de incentivo para os árbitros mais jovens, mostrando que é possível alcançar as provas principais através do empenho e da dedicação", realçou, por sua vez, Cristiano Santos.
Apitar uma final "é um objetivo" para Eduardo Coelho
Internacional desde 2008, Eduardo Coelho é o árbitro europeu com mais participações em Mundiais de futsal, considerando ser "um reconhecimento da dedicação e paixão" pelo cargo e com o "desejo de contribuir para o sucesso da competição e de manter o nível de excelência que se espera" a permanecer inalterado, ambicionando uma final.
"Ainda não tive a oportunidade de apitar uma final e é um objetivo que continuo a ter presente. No entanto, também depende do desempenho da seleção portuguesa e das decisões de arbitragem. Se a oportunidade surgir, seria um prémio de carreira justo e um reconhecimento significativo do meu trabalho ao longo dos anos, mas o meu foco é desempenhar o melhor papel possível e contribuir para o sucesso do torneio", disse.
Cristiano Santos esteve nomeado para melhor árbitro do mundo
Já Cristiano Santos sente um "grande orgulho e realização" por participar num Mundial que é "resultado de muito trabalho, dedicação e paixão pela arbitragem", após ter tido a "honra" de estar na lista de nomeados a melhor árbitro de futsal do mundo em 2023.
"A preparação tem sido intensa e meticulosa, com foco não só na condição física, mas também em aspetos técnicos e psicológicos. Tenho procurado reforçar conhecimentos técnicos, nuances das equipas e contextos dos jogos. A principal diferença, em relação a outras competições, está na magnitude e no nível de exigência. O Mundial é o palco mais alto da modalidade, o que requer um foco redobrado e uma preparação mental para lidar com a pressão e a responsabilidade", ressalvou também o árbitro portuense.
Portugal é o atual campeão do mundo
Na sétima presença num Campeonato do Mundo, a equipa das 'quinas' parte rumo ao país asiático entre os naturais candidatos ao cetro, face ao mais recente desempenho nos principais torneios de seleções, sendo o 'alvo a abater' por parte dos adversários.
Antes da conquista de 2021, Portugal tinha como melhor classificação o terceiro lugar obtido em 2000, na Guatemala, que marcou a estreia dos lusos na competição, sendo seguido pelo quarto lugar alcançado na Colômbia, em 2016, a anteceder a hegemonia.
Em 2012, na Tailândia, Portugal foi eliminado nos quartos de final, enquanto em 2004, na Taipé Chinesa, chegou à segunda fase de grupos e, em 2008, no Brasil, ficou-se pela primeira, na pior das sete edições seguidas em que os portugueses marcam presença.
Sem muitas mexidas na convocatória em relação à conquista de 2021, Portugal 'perde' os experientes guarda-redes Bebé, Vítor Hugo e André Sousa e os alas Miguel Ângelo, Pauleta, este devido a lesão, e o 'astro' Ricardinho, considerado o melhor futsalista da última edição, estreando-se Edu Sousa, André Correia, Edmilson Kutchy e Lúcio Rocha.
A lista, reduzida de 16 (devido à pandemia de covid-19) para 14 convocados, continua a contar com João Matos, Tomás Paçó, Afonso Jesus, André Coelho, Erick Mendonça, Pany Varela, Tiago Brito, Bruno Coelho, Zicky Té e Fábio Cecílio, mantendo-se a 'base'.
Seleção no grupo de Panamá, Marrocos e Tajiquistão
Os comandados de Jorge Braz integram o Grupo E da competição, ao lado de Panamá, que golearam por 9-0 na fase de grupos do Mundial 2016, do estreante Tajiquistão, que nunca defrontaram, e de Marrocos, com quem empataram 3-3 no derradeiro Mundial.
Em teoria, os marroquinos são o rival mais complicado do grupo, tendo os 'quartos' de 2021 como a sua melhor prestação, ao passo que o Panamá logrou atingir os 'oitavos' no Mundial2012, na sua estreia, ficando pela fase de grupos nas últimas duas edições.
No panorama geral, os 'crónicos' candidatos ao título são o Brasil, recordista de títulos, com cinco, e que falhou o pódio apenas na edição de 2016, a Espanha, que se segue na lista dos vencedores, com dois troféus e seis presenças em pódios, e ainda a Argentina.
A equipa sul-americana venceu pela primeira vez em 2016 e, em 2021, apenas 'caiu' na final perante Portugal, por 2-1, prometendo voltar a lutar por essa reconquista, sendo de destacar ainda as ausências da Itália e da Rússia, a última devido a sanções da FIFA.
O Mundial de futsal vai disputar-se no Uzbequistão, entre sábado e 6 de outubro, nas cidades de Tashkent, Bukhara e Andijan, com os embates de Portugal frente a Panamá, Tajiquistão e Marrocos agendados para segunda-feira (13:30 em Lisboa), quinta-feira (16:00) e domingo (13:30), respetivamente, todos na Humo Arena, na capital Tashkent.
Com Lusa