PARIS – No final da primeira parte da natação, quando os atletas saem da água para voltar a entrar poucos segundos depois, passaram todos os atletas, menos um: o português Ricardo Batista.

Pelo menos foi isso que ficou registado no boletim oficial, o que causou surpresa e preocupação entre a comitiva lusa.

Mas no final dos 1,5km do segmento da natação, na transição para o ciclismo, como por milagre, lá estava o dorsal 47 de Batista, apenas uns segundos atrás de Vasco Vilaça.

Mas afinal, o que aconteceu?

«Isso deve ter sido um susto para todos, mas eu estive sempre lá. Estive sempre a nadar e nem sabia desse pormenor», reagiu o triatleta luso, sexto classificado, numa gargalhada, em conversa com os jornalistas portugueses após a conclusão da prova.

Descontração e boa-disposição eram, de resto, os sentimentos dominantes depois de uma competição que tinha garantido a Portugal dois diplomas olímpicos com intervalo de dois segundos: um para Ricardo, outro para Vasco.

«Estive a prova quase toda acompanhado do Vasco Vilaça e isso é sempre uma ajuda extra. Temos ali uma pessoa com quem trabalhar e sabendo que podemos contar com ele. Fizemos ambos uma prova de trás para a frente e conseguimos acabar juntos, o que é um extra. Foi excecional», descreveu.

E foi combinado tentarem fazer a prova o mais próximos possível? Ricardo diz que seria impossível planeá-lo dessa forma.

«É muito difícil trabalharmos um para o outro, porque estamos ambos a lutar pelo melhor lugar possível», introduziu.

«Somos muito amigos fora da competição, mas o triatlo é uma prova individual. Cada um dá o melhor e conseguimos este resultado. No final ainda houve ali uma certa desaceleração, para ver qual de nós ia puxar nos últimos metros, e o Vasco foi mais forte, mas saio bastante satisfeito de qualquer forma», reforçou.

Mais difícil foi descrever o turbilhão de sentimentos que vivia naquele momento.

 «Estou sem palavras para este resultado. Tinha expectativas bastante ambiciosas, mas conseguir concretizá-las foi a cereja no topo do bolo. Estou mesmo contente. Acho que ainda nem processei bem a informação», começara por dizer, para um pouco depois admitir que seria difícil pensar num resultado melhor.

«É excecional. Não podia pedir melhor para a minha estreia nos Jogos Olímpicos. Estou muito contente e agora vou trabalhar para daqui a quatro anos tentar melhorar este resultado já bastante ambicioso», acrescentou o atleta de 23 anos.

Na segunda-feira, os triatletas voltam a entrar em competição, na estafeta mista e Ricardo promete apenas… ambição.

«São bons resultados e indicadores para a prova, mas temos nações bastante competentes. Não somos só nós. Ainda assim, tenho a certeza de que cada um de nós vai dar o melhor pela estafeta e lutar até ao fim», rematou.