PARIS – Os últimos quilómetros do circuito parisiense que concluiu o percurso de 273 quilómetros da prova de estrada dos Jogos Olímpicos são feitos por Nélson Oliveira com as emoções à flor da pele.

É o próprio ciclista de 35 anos que o assume, minutos depois, em conversa com os jornalistas. Mas isso já ficava óbvio na chegada dele à meta e no gesto do francês Kévin Vauquelin.

Percebendo o momento do corredor de Vilarinho do Bairro, o jovem gaulês cruzou a meta com um abraço ao luso.

Provavelmente, os dois ciclistas conversaram e Nelson Oliveira terá confessado a emoção de estar a viver os seus últimos Jogos Olímpicos. Porque eles conhecem-se de outras paragens, uma vez que partilharam a fuga da 2.ª etapa do Tour, há pouco mais de um mês, que teve sucesso e o francês acabou por ganhar.

Neste sábado, nenhum tinha grandes razões para celebrar, ainda que dois companheiros de seleção de Vauquelin tenham conquistado a prata e o bronze. Contudo, o gaulês quis mostrar o seu apoio a um ciclista que é muito acarinhado no seio do pelotão internacional.

Num momento em que o português bem precisava.

«São os meus últimos Jogos Olímpicos e desfrutei, sobretudo da atmosfera que houve aqui no percurso em Paris. O público foi extraordinário e passei emoções muito fortes neste último circuito, por ser a minha despedida», afirmou após concluir a prova, ainda com os olhos rosados.

«Sim, são olhos de emoção. Também é cansaço, mas sobretudo emoção e sentimento de dever cumprido. Eu e o Rui começámos juntos em Londres, e terminamos aqui em Paris os nossos últimos Jogos Olímpicos.», apontou.

Dias depois de ter conquistado um diploma olímpico no contrarrelógio, Nelson Oliveira tinha a missão de ajudar Rui Costa a tentar uma surpresa. Mas os planos saíram furados devido a um problema com a bicicleta do compatriota a cerca de 40 quilómetros do final, e o melhor resultado na prova de estrada voltou a ser para ele, no 33.º lugar.

«Saímos de cabeça erguida. Infelizmente, as coisas não correram como nós esperávamos. Queríamos dar outra alegria aos portugueses, mas não foi possível. Infelizmente, ele teve um furo na parte final, conseguiu terminar, mas não da forma que queria. O ciclismo é assim, as coisas por vezes não saem como nós desejamos», lamentou.

Para terminar, Oliveira não quis deixar de sublinhar o feito alcançado por Remco Evenepoel, que depois de ter conquistado o ouro no contrarrelógio, repetiu o feito na prova de estrada, algo que nunca fora conseguido por outro ciclista, na mesma edição de Jogos Olímpicos.

«Deixem-me dar os parabéns ao Remco, que já se tornou numa lenda!»