PARIS – Depois da medalha de prata de Iúri Leitão no omnium, e do título olímpico no madison, conquistado na véspera por Iúri e Rui Oliveira, na manhã já se pedia que o Velódromo de Saint-Quentin-en-Yvelines deixasse de ser ‘National’ e assumisse de vez o Nacional, tamanha a glória do ciclismo masculino de pista, que se estreou em olimpíadas logo com duas medalhas.

Neste domingo, era a vez de Maria ‘Tata’ Martins usar a nova casa portuguesa de Paris para a sua prova de omnium, ela que em Tóquio 2020 conseguira um diploma, graças ao 7.º lugar.

A tarefa, porém, seria árdua. E isso sabia-se, depois de um ano em que está sem equipa no ciclismo de estrada, depois de ter sido a primeira portuguesa a competir no World Tour.

A lusa abriu a competição no 13.º lugar na corrida de Scratch, o que lhe valeu a conquista de 16 pontos, numa prova que foi feita sempre com pelotão compacto e cuja vencedora foi a norte-americana Jennifer Valente, campeã do mundo, que somou 40 pontos.

Tata Martins voltou a fazer a manter-se na contenção na corrida de ritmo, terminando como oitava classificada, o que lhe permitiu subir dois lugares na classificação geral, acrescentando mais 26 pontos, para chegar aos 42.

A corrida de eliminação, porém, na qual sai uma ciclista a cada duas voltas, correu francamente mal. Apesar de ser uma das provas em que Tata é mais forte, foi logo a nona a sair, o que a fez cair na classificação geral.

A ciclista natural de Santarém saiu claramente insatisfeita, abanando a cabeça negativamente enquanto dava as voltas de abrandamento – recorde-se que as bicicletas de pista não têm travões.

Caiu então para o 13.º lugar, com 54 pontos, menos de metade dos que somava Jennifer Valente (118), que venceu também a eliminação, além de ter sido a segunda classificada na corrida de ritmo, numa demonstração de superioridade que parecia imparável.

Nessa altura era óbvio que, a menos que surgisse em modo Super-Tata, a ir buscar forças a Iúri Leitão e Rui Oliveira, que assistiram à prova na boxe portuguesa do Velódromo, as medalhas (desta vez) estavam longe.

Para o diploma, porém, o objetivo que «deixava contente» a atleta, como ela admitira na partida para Paris, seguia a 18 pontos, antes da corrida final, aquela que distribui maior pontuação.

Aí, a 43 voltas do fim Tata ainda esboçou um ataque que rapidamente se percebeu que não iria ter sucesso. No sexto de oito sprints ainda fez um segundo lugar que lhe garantiu três pontos, somou mais quatro no último sprint, mas até o lugar de diploma já estava muito distante e era notório que não estava nos seus melhores dias.

A portuguesa terminou no 14.º lugar, numa prova que foi ganha confortavelmente pela norte-americana Jennifer Valente. A polaca Daria Pikulik ficou com a prata, enquanto o bronze foi para a neozelandesa Ally Wollaston.

Valente? Pois claro: um triunfo que além de permitir aos EUA igualar a China no topo das medalhas de ouro de Paris 2024, mantém a ideia de que o Velódromo Velodrome de Saint-Quentin-en-Yvelines é talismã para uma tal nação.