PARIS - Patrícia Sampaio pisa a Arena de Bercy e percebe-se imediatamente que ela não está ali para passar tempo.

E além de não estar para passar tempo, muito menos está para o perder.

Por isso, é um sempre a aviar para a judoca de 25 anos.

Chega a queniana Zeddy Cherotich, e a nabantina pontua um waza-ari, seguido de imobilização para despachar a luta em cerca de 20 segundos.

Vem a francesa Madeleine Malonga, antiga campeã do mundo e vice-campeã olímpica em título, a combater perante uma Arena eufórica, e quase nem dá para respirar.

São 57 segundos até terminar o combate com um estrangulamento que deixo o público gaulês num silêncio de incredulidade.

E para Patrícia, parece que nada demais se passa. Mantém a compenetração, evita festejos efusivos – até porque não convém comprar uma guerra com o público que vai permanecer em Bercy o resto do dia. Já bem basta ter despachado a figura da casa.

E quando surge a chinesa Ma Zhenzhao, o último obstáculo antes de poder seguir para a luta pelas medalhas, também não fica muito tempo no tatami: novo estrangulamento aplicado pela portuguesa, mais uma vez em menos de um minuto, e encontro marcado com a líder mundial.

Somando todo o tempo que Patrícia esteve no tatami para se apurar para a disputa das medalhas, passaram-se 2m06.

Siga!

Mas sabia-se que a italiana Alice Bellandi era nome de respeito. Não só pela liderança do ranking, mas também porque nunca a atleta da Sociedade Filarmónica Gualdim Pais, 13.ª, conseguira vencer-lhe um combate.

Chega a hora do combate e Patrícia está, novamente com pressa. Sai a correr do túnel, entra no tatami cheia de energia, dá dois saltos de joelhos ao peito e vamos lá!

Aos 30 segundos, Bellandi é castigada por falso ataque, mas 10 segundos depois está a pontuar para waza-ari, que a deixa em vantagem.

A portuguesa tenta reagir, mas é também castigada, no caso por falta de combatividade, quando faltam 2m20. Patrícia luta, luta, mas não consegue impedir a primeira derrota do percurso.

Não há tempo para lamentações. Porque aquela derrota mantém vivo o sonho da medalha. É bronze, mas é medalha e seria a primeira da missão portuguesa. O diploma, esse, já estava garantido.

 A separá-la do sonho estava a japonesa Rika Takayama, n.º 9 do ranking e que viera da repescagem.

Ufa! Vamos lá outra vez?

Patrícia começa melhor na luta pelo bronze e pontua para waza-ari com 2m40 para o final do combate de quatro minutos. A nipónica é obrigada a reagir e arriscar, mas a lusa não fica na expectativa, continua a tentar atacar, apesar do castigo por falta de combatividade a um minuto do final.

Falta de comabtitvidade? Então venha de lá o segundo waza-ari, cinci segundos depois, para a primeira demonstração de alguma emoção de Patrícia Sampaio neste dia histórico.

Está feito!

Como se diz medalha de bronze em japonês? DEVE SER IPPON!

Patrícia Sampaio conquista a primeira medalha para Portugal nestes Jogos Olímpicos!

Era a pressa de devolver as medalhas de judo ao país que a movia! Agora já pode relaxar, chorar e celebrar!

Depois de Nuno Delgado, de Telma Monteiro e de Jorge Fonseca, também Patrícia Sampaio se torna sinónimo de sucesso olímpico.