Patrícia Sampaio foi recebida por uma multisão de portugueses à chegada ao Aeroporto Humberto Delgado, depois de conquistar a medalha de bronze na vertente de -78 kg de judo, em Paris 2024. E foi com muitas lágrimas que a atleta portuguesa reagiu ao apoio demonstrado, referindo que «só esperava pais e irmãos» nesta receção.
«Não estava à espera. Sou muito chorona, tenho passado os últimos três dias a chorar, mas hoje foi avassalador», começou por dizer aos microfones da RTP, antes de detalhar a «emocionante» subida ao pódio na capital francesa.
«A subida ao pódio foi muito emocionante. Aí comecei a aperceber-me do que estava a acontecer, até porque aí comecei novamente a emocionar-me, especialmente quando ouvi o meu nome. É um orgulho muito grande», atirou. Sobre as provas, explicou que trabalhou principalmente o aspeto «mental», que se revelou fator determinante nos combates.
«Quando passávamos pelo corredor para ir para o combate, era um barulho ensurdecedor. Trabalhei muito para estar mentalmente pronta para essa situação. Simplesmente, conseguia fechar os olhos e parecia que fechava esse som. Imaginava só as estratégias e as tarefas que tinha para fazer no duelo», destacou.
Amuletos da sorte e uma 'pulseira da coragem'
A última medalha de Patrícia Sampaio tinha sido conquistada em novembro de 2023, com bronze no campeonato da Europa. A judoca admitiu que levou uma fotografia desse momento, na qual está acompanhada com «duas colegas», juntamente com outra da avó, que faleceu neste ano.
«Em todas as competições que ia olhava para a fotografia e dizia que lhe ia dedicar a vitória, mas, por outro lado, causava-me um peso ainda maior quando perdia, porque sentia que não tinha conseguido concretizar aquilo a que me tinha proposto», avançou, antes de mostrar uma 'pulseira da coragem', que começou a usar precisamente em novembro do ano passado. Mas fez o reparo. Não foi sorte que a levou ao bronze. Foi mesmo a coragem.
«Foi realmente a coragem que me ajudou a ultrapassar estes últimos tempos. Foi a primeira medalha destes primeiros oito meses do ano e foi preciso isso e resiliência para bater na trave e mesmo assim continuar a acreditar e trabalhar. Valeu muito a pena porque no final, falhei várias medalhas, mas conquistei o meu maior sonho», atirou.
E para terminar, a atleta de 25 anos foi desafiada a deixar uma mensagem de incentivo aos mais novos: «Façam como eu. Encontrem um desporto pelo qual realmente se apaixonem. Para mim, o judo é a minha vida. Não me imagino sem fazer isto. Lutem pelos objetivos e sonhos que têm. Podem demorar a consegui-lo - são os meus segundos Jogos Olímpicos, por isso, demorou pelo menos oito anos, para mim -, mas as recompensas chegarão. O nosso trabalho trará sempre recompensas.