Sérgio Conceição, antigo treinador do FC Porto, esteve, esta quinta-feira, em Itália, a convite do Tuttosport, à margem do anúncio dos 25 finalistas do Golden Boy, e abordou vários temas, como o trabalho com jovens e o arranque do filho Chico Conceição na Juventus e Serie A.

«O jovem tem de compreender qual é a forma correta de estar no futebol moderno, o que se faz fora do campo conta muito. Como treinador do FC Porto, acompanhei os sub-17, os sub-19, a equipa B, e é possível criar jogadores de seleção. Para não falar dos que chegam de outros continentes; é preciso explicar-lhes que o futebol na Europa é diferente... Sei tudo sobre os meus jogadores, até o seu prato preferido; ter todos estes pormenores faz a diferença. As horas que dormem e não dormem, o que comem, que família têm... É preciso ser exigente consigo próprio, rigoroso. Há tanto trabalho que não se vê. É preciso ter paixão, a única coisa que nos faz aceitar todos os sacrifícios», começou por dizer, sobre o trabalho com jovens.

«O Éder Militão, por exemplo, não tinha conhecimentos táticos, tecnicamente era muito forte e fisicamente era um monstro, mas não sabia o que fazer nem dentro nem fora do campo. Tivemos de fazer um trabalho específico para o tornar um negócio ao fim de um ano. Mostrámos-lhe em vídeo e depois no campo, espaço a espaço, treinos com uma linha defensiva compacta e curta, momentos de zona e momentos de pressão, agressividade... Quando ele entendeu que era um jogador inteligente, deu o salto. Se for dançar samba e comer picanha, então não pode jogar no Real Madrid. E ele está lá há seis anos», acrescentou.

O técnico português falou ainda do filho Chico Conceição, que se mudou recentemente para a Juventus: «Treinei o Francisco Conceição e o Rodrigo, que agora joga na Suíça. Tenho de ser justo, o Francisco não jogou seis meses comigo no FC Porto; precisava de continuidade, movimentação, corrida e organização, que são as coisas mais importantes para ter a bola nos pés. Ele precisava de ter essa consciência, de jogar na Europa, na Champions. Havia duas ou três grandes equipas para onde ele podia ir, aconselhei-o a ir para Itália, para um grande clube mundial como a Juventus, com todo o respeito e amor que tenho pela Lázio.»

«Começou bem. É bom no um contra um, é forte tecnicamente e eu sabia que podia dar-se bem em Itália. Tem de acrescentar outras coisas: tem de ser humilde, ouvir o treinador e os colegas de equipa. Deve perguntar a si próprio o que mais pode fazer para se tornar mais forte. Todos os dias tem de tentar melhorar e, nesse aspeto, ele sabe o que tem de fazer», concluiu.