Nunca tinha visto um treinador sair a meio da época e ser homenageado, aplaudido e atirado ao ar pelos jogadores. Nunca tinha visto o Sporting golear o tetracampeão da Premier League. Nunca tinha visto uma noite assim. Rúben Amorim é especial e merece o final perfeito em Alvalade, depois de ter conquistado 2 Primeiras Ligas, 2 Taças da Liga e uma Supertaça de Portugal. Mas muito mais do que isso, foi o transformar um Sporting desamparado, a meio de uma hegemonia entre o Benfica e o FC Porto, num Sporting líder e referência, com os adeptos unidos à volta da equipa. Em Portugal, graças a Rúben Amorim, o futebol já não é a dois. Até se pode dizer, que em momentos, foi a um. Agora vamos ver.

Foi uma semana de muita emoção para o Sporting e os seus adeptos. Há quem compreenda a saída de Rúben Amorim e há quem esteja desiludido, mas todos estão tristes. Pondo as coisas em perspetiva, no dia 5 de março de 2020, chegou ao Sporting um treinador novato, ex-Benfica enquanto futebolista, foi logo criticado por ser caro (saiu barato), conquistou os adeptos, títulos e Portugal. Quatro anos e meio depois, já se senta à mesa dos melhores treinadores do Sporting e, no seu último jogo em Alvalade, goleou o Manchester City por 4-1, antes de rumar ao Manchester United. São histórias bonitas como estas em que a vida se assemelha a filme.

Em Alvalade, Rúben Amorim foi muito aplaudido e houve uma homenagem com uma enorme tarja a dizer: «Obrigado», junto dos títulos que o técnico conquistou pelo Leão. Pouco antes do apito do árbitro, viu-se um mar de luzes verdes e a euforia leonina, enquanto se cantava mais uma vez «O Mundo Sabe que». Cheirava a história. Inicialmente pode ter tido o efeito contrário nos jogadores do Sporting, pois, embora se sentisse o enorme apoio dos adeptos, a pressão também era grande e o adversário ainda maior. Prova disso foi a entrada.

Logo aos quatro minutos, Morita perdeu a bola na 1.ª fase de construção e tanto ele como Franco Israel ficaram mal na fotografia. 1-0 para o Manchester City. Mais tarde, Viktor Gyokeres, completamente sozinho com Ederson, desperdiçou uma grande oportunidade. No geral da primeira parte, o Sporting apresentou dificuldades na saída de bola desde trás e começou a jogar longo, procurando explorar o espaço nas costas fruto da linha alta do Manchester City, mas notava-se os nervos. Parecia mais uma questão psicológica do que tática. O golo ao intervalo (Viktor Gyokeres a redimir-se) foi uma energia extra e fundamental.

A segunda parte foi histórica e começou ligada à corrente. Embora o Sporting tenha ferido mais em transição ofensiva, marcou logo em ataque apoiado, com um Pedro Gonçalves louco a assistir Maxi Araújo. Depois vem o penálti e o bis de Viktor Gyokeres. Havia pessoas a gritar e outras a chorar. Algumas os dois. A verdade é que algo mudou e pensava-se mais numa goleada do Sporting do que uma reviravolta do Manchester City. Erling Haaland falhou um penálti e Viktor Gyokeres marcou outro, fazendo o hat-trick. Tudo correu bem, Rúben. Aliás, demasiado bem. Foi a estrelinha.