Avassalador. Demolidor. É assim que podemos caracterizar o poder ofensivo do Sporting nesta Liga, na qual apontou 35 golos em 10 jogos à impressionante média de 3,5 por partida! E até na Liga dos Campeões, como foi visto na última terça-feira, o Manchester City acabou por cair aos pés do poderoso ataque leonino.
E cair aos pés não é aqui utilizado como força de expressão, mas sim como realidade palpável pois no rol de golos obtidos pelos campeões nacionais no campeonato ressalta uma constatação evidente: o jogo ofensivo aéreo da equipa de Alvalade tem sido pouco menos que risível.
É que a equipa leonina, com o seu temível e venenoso envolvimento atacante com o esférico bem colado à relva, apenas obteve um solitário golo de cabeça no campeonato, da autoria de Pedro Gonçalves, no triunfo em Arouca (3-0), à 5.ª jornada, correspondendo a um cruzamento de Trincão, com o n.º 8 leonino (1,73 metros) a nem precisar de saltar para, na pequena área, abrir o marcador com um oportuno cabeceamento. A título de comparação refira-se que o Benfica marcou na Liga sete golos de cabeça (29 por cento do total) e o FC Porto já obteve seis (22 por cento).
Ora o jogo aéreo é um importante recurso utilizado para ultrapassar defesas compactas e com demasiadas pernas tapando os caminhos para a baliza. E pelo quadro (em baixo) é possível constatar que nas quatro épocas completas e na parte final da temporada 2019/2020 (11 jogos ao leme após sair de Braga) em que os leões estiveram sob o comando de Ruben Amorim, obtiveram sempre uma percentagem de golos de cabeça praticamente idêntica, entre os 13 e os 15 por cento.
Neste período destacaram-se Paulinho (11 golos nas alturas), com o agora avançado dos mexicanos do Toluca a ser o principal concretizador aéreo nas últimas épocas logo seguido do ex-capitão Coates (9 golos). Duas peças que saíram de Alvalade no último verão e que, pelo menos em termos de aproveitamento aéreo, ainda não encontraram substitutos à altura.
Só para se ter uma ideia, o fenomenal goleador que é Viktor Gyokeres tem neste particular departamento — e o jogo de cabeça deve ser uma arma de um ponta de lança de elite como é o sueco — uma evidente lacuna (que ele próprio já confessou…) pois apontou pelos leões em todas a competições 66 golos e só cinco foram conseguidos de cabeça!
Nem mesmo as torres da defesa leonina às quais a equipa recorria por vezes em anos anteriores, Gonçalo Inácio (4 golos) — que curiosamente apontou o único outro golo de cabeça e logo o primeiro da temporada, na derrota diante do FC Porto para a Supertaça (3-4) — ou Diomande (3 golos), têm estado particularmente felizes nas alturas. Algo talvez a melhorar nos próximos tempos, agora com João Pereira ao comando.