*com Diogo Organista Pereira
A Taça de Portugal serve todos os anos como palco a encontros recheados de golos, animação e, acima de tudo, muitas surpresas. Torna-se já habitual navegar pelos resultados à procura das principais surpresas de cada eliminatória. Apesar da época, este ano, estar ainda no início, o arranque da prova rainha não tem sido cenário diferente.
Esta sexta-feira, o Portimonense entra em campo para o embate com o Sporting e tentará, certamente, colocar as vestes de tomba-gigantes e prosseguir caminho na prova rainha. A equipa algarvia possui, do seu lado, uma arma secreta no banco de suplentes: Ricardo Pessoa, timoneiro dos alvinegros, conta com registos curiosos frente aos leões na prova
Enquanto jogador, o técnico de 42 anos já afastou por duas vezes o conjunto de Alvalade - em 2003, ao serviço do Vitória FC, e em 2012, pelas cores do Moreirense. Agora, ao leme do Portimonense, o objetivo passa por repetir a proeza e levar o emblema que opera no segundo escalão à próxima fase da competição.
A primeira nunca se esquece
Para relembrar a primeira vez que Ricardo Pessoa atirou o Sporting para fora da Taça, é necessário recuar até à longínqua época 2003/04. A dar os primeiros passos na carreira, o antigo lateral direito encontrava-se ao serviço do Vitória FC - que disputava a II Liga na altura -, clube onde iniciou a sua formação.
Com Carlos Carvalhal ao leme, o emblema sadino realizou uma sólida temporada, alcançado a promoção para o principal escalão português após terminar no segundo posto da tabela classificativa. A meio desta caminhada, em dezembro, surgiu a vitória (0-1) no embate com o Sporting, para a quinta eliminatória da prova.
Um golo madrugador do defesa central Orestes, logo aos 7 minutos do encontro, perturbou as ambições dos visitados e congelou os corações dos adeptos leoninos. Não era, de todo, o começo de partida esperado para a turma de Fernando Santos.
A consistência defensiva dos vitorianos, aliada à falta de eficácia potenciada pela frente de ataque do Sporting, impediu de forma eficaz alterações no marcador da partida. O Vitória FC alcançou a fase seguinte da prova e foi a principal surpresa da eliminatória - em conjunto com a derrota do Vitória SC frente à Naval por duas bolas.
No ano seguinte, os sadinos consumaram o bom trabalho desenvolvido nesse período e conquistaram pela terceira vez o troféu, após terem vencido o Benfica, por 1-2, no Jamor com golos de Manuel José e Meyong - as duas anteriores conquistas verificaram-se em 1965 e 1967.
Foi a primeira, mas não seria a última vez que Ricardo Pessoa surpreenderia o emblema leonino. Quase uma década depois, voltou a ser carrasco do Sporting em nova edição da competição.
Balde de água fria em Moreira de Cónegos
Nove anos depois, Ricardo Pessoa repetiu a proeza. Ao serviço do Moreirense, durante a temporada 2012/13, disputou uma eliminatória de loucos frente ao Sporting, que culminou com a deslocação desastrosa dos leões a Moreira de Cónegos - vitória dos da casa, por 3-2, já no prolongamento.
No Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, o Sporting alcançou cedo a vantagem no marcador, por intermédio de Fito Rinaudo, capitão dos verde e brancos na altura. Já na segunda metade, o bis de Pablo Olivera (46' e 62') colocou o Moreira na frente da eliminatória.
Ricky van Wolfswinkel adiou a festa dos homens da casa, com um tento aos 79 minutos, e levou os dois conjuntos a disputarem o período de prolongamento já que o empate prevaleceu durante o tempo regulamentar.
Um Moreirense destemido surpreendeu novamente a formação visitante e Wagner, aos 97 minutos, rubricou o seu nome na lista de marcadores com um remate cruzado, sem hipóteses para Rui Patrício.
Apesar da insistência ofensiva dos forasteiros, e com uma brilhante oportunidade nos instantes finais - Boulahrouz cabeceou com perigo e envio o esférico aos ferros de Ricardo Andrade -, o golo do avançado brasileiro carimbou o resultado final. Contra todas as expectativas, a formação de Moreira de Cónegos proporcionou um belo espetáculo de futebol e seguiu em frente na competição.
A derrota viria a ser presságio para a crise de resultados enfrentada pelo Sporting durante essa época - terminou num surpreendente sétimo lugar, com onze vitórias, nove empates e dez derrotas em 30 partidas, e arrecadou somente 42 pontos para o campeonato.
Três em três?
Com tudo em aberto, Ricardo Pessoa e os seus comandados procuram carimbar a terceira surpresa na lista de feitos do técnico luso. A tarefa, porém, é bastante árdua. Pela frente encontram um Sporting líder do campeonato, apenas com uma derrota esta época, consistente e goleador, muito graças à sua frente de ataque nórdica.
O histórico não é favorável à comitiva de Portimão - das 45 partidas disputadas, os leões superiorizaram-se por 34 ocasiões e o empate reinou em cinco dos confrontos. Ainda assim, as seis vitórias conquistadas pelo Portimonense foram todas em solo algarvio, o que dá alento para adquirir a sétima esta temporada.
Para a Taça de Portugal, os dois conjuntos enfrentaram-se apenas uma vez, na temporada 1947/48, encontro que terminou com uma goleada (1-6) a favor do Sporting. Fernando Peyroteo, histórico avançado e membro dos cinco violinos, apontou cinco golos na partida.
O confronto entre leões e alvinegros está marcado para a próxima sexta-feira, pelas 20h15, no Estádio Municipal de Portimão.