O arranque de temporada não tem sido fácil no Dragão, pelo menos no que diz respeito à relação com os adeptos. Embora tenha vencido em sete das primeiras oito jornadas do campeonato e conquistado a Supertaça, a equipa do FC Porto tem sido presenteada pela massa adepta com um coro de assobios, algo que se intensificou no último jogo frente ao SC Braga.
Nesse sentido, o presidente azul e branco, André Villas-Boas, reagiu ao sucedido. O líder portista discursou, na manhã desta terça-feira, na conferência de ministros do Desporto do Conselho da Europa, que se realiza no Porto, e saiu em defesa da equipa treinada por Vítor Bruno, reconhecendo a exigência dos adeptos e desvalorizando também a situação.
«Os adeptos são soberanos, quando têm de assobiar assobiam, é a exigência do FC Porto, estamos aqui para ganhar, ninguém está para perder, essa é a mensagem que o mister tem passado ao grupo, que eu tenho passado ao grupo e os jogadores sabem perfeitamente», começou por dizer.
Villas-Boas deixou ainda uma pequena bicada e falou na necessidade de reeducar os adeptos: «Os adeptos do FC Porto sempre foram muito exigentes, o FC Porto não quer estar três anos sem ganhar o campeonato nacional, passaram-se duas épocas sem o título, a exigência está presente, o tribunal das Antas e do Dragão é muito conhecido, esteve ausente das últimas sete épocas da sua exigência, é uma evidência, regressou em força e os adeptos sentem essa ansiedade e tem-no demonstrado.
São situações normais de lidar, temos registado o desagrado dos atletas, é sinal importante para nos e de reeducação da massa adepta portista, porque se os adeptos revelam descontentamento relativamente à situação é porque também tem de haver reeducação, uma nova forma de estar no estádio.»
Villas-Boas promete luta pela transparência
Outro dos temas que o presidente do FC Porto abordou está relacionado com a transparência no desporto português. No que a isso diz respeito, Villas-Boas garantiu que os dragões serão sempre parte da solução e uma voz ativa na luta.
«Não viraremos a cara à denúncia, à cooperação ativa com as autoridades e as instâncias judiciais. Queremos e desejamos que muitas das entidades nacionais governamentais e as instituições ligadas ao desporto invistam cada vez mais na autorregulação, na execução da lei, mas também que sejam capazes de passar da omissão e da passividade para a condenação pública e judicial cada vez que estivermos perante atos bárbaros de violência, discriminação e corrupção ativa e passiva no desporto português», atirou.
O dirigente lançou ainda o repto: «Esses são os tempos que não queremos de volta ao futebol português e onde os seus verdadeiros adeptos não se reconhecem. Hoje urge a ação e não o silêncio.»
Garantindo que o clube será «ator ativo» nestas batalhas, André Villas-Boas apontou três exemplos disso mesmo: a criação do Portal da Transparência, a forma como o clube lidou com o caso de Cardoso Varela e ainda a realização de ações de formação junto dos mais jovens sobre manipulação de competições desportivas.
No que diz respeito ao primeiro exemplo, Villas-Boas lembrou que a própria UEFA elogiou a medida. «Tornamos transparente todas as formas e proveniências de financiamento, a rastreabilidade das transferências de atletas e a natureza dos contratos: um tampão a qualquer operação que favoreça a criação de terreno fértil à corrupção ou até, no limite, ao tráfico humano. A própria UEFA elogiou publicamente este passo que demos em nome da integridade e que esperamos se torne uma regra. Descrição e secretismo no decorrer de negócios não tem de terminar em opacidade», disse.