Vítor Bruno, treinador do FC Porto, esteve na sala de imprensa a lançar a receção ao SC Braga no domingo. Depois do empate na receção ao Manchester United, os dragões procuram voltar às vitórias e o treinador falou sobre o adversário minhotos e sobre os pontas-de-lança que têm jogado mais: Samu e Gul.
SC Braga e falta de tempo: «Preparámos da forma que foi possível. O tempo foi curto, mas treinámos na sexta e hoje de manhã. Levámos muita coisa a campo, mas não com a intensidade que gostamos. Neste períodos mais curtos entre jogos somos obrigados a ir muito pela análise em vídeo, filtrar o que é prioritário e levar para o campo. Não tudo o que queremos, mas o que sentimos ser mais importante. Podemos aproveitar o domingo de manhã para trabalhar mais alguma coisa. Queremos muito ganhar, voltar às vitórias, apesar de no campeonato virmos de uma vitória.»
Equipa de Carvalhal: «Vinha de três vitórias seguidas, antes de perder em Atenas. É sempre uma equipa que nos cria dificuldades. Em Braga e no Dragão. O clube tem reforçado o seu estatuto, mesmo na Europa. Não consigo prever a forma como o mister Carvalhal vai plantar a equipa, pois tem havido alguma plasticidade e flutuação nas suas escolhas. Temos de escolher o melhor perfil para cada espaço do campo e levar esse impacto ao coletivo. Estive atento ao que disse o mister Carvalhal. Ele disse que é diferente ter o Mbi ou o João Ferreira a central e isso é verdade. Condiciona a forma como vamos pressionar. Há um elevado grau de imprevisibilidade. Temos de tentar antecipar cenários e olhar muito para dentro, para o que é nosso. Temos de fazer um grande jogo.»
Samu Aghehowa: «Tem uma vantagem sobre um competidor direto pela posição, o Gul: o idioma. Isso apressa a integração. Tem mais espanhóis no balneário e a língua portuguesa é fácil de entender. Tem um perfil que é raro de encontrar no nosso campeonato. A forma como se posiciona, como ataca a bola, como a guarda. Queremos que ele se fidelize a alguns comportamentos que nós pretendemos para um ponta-de-lança do perfil dele. Olhamos para o Samu, vemos qual o perfil dele e de que forma podemos potenciar o que ele pode dar à equipa. Ele tem-no feito brilhantemente.O meu olhar vai muito para além dos números. Ainda hoje falei com o Gul, para tentar ver como ele está. Não é fácil vir de um país como a Suécia e estar a viver sozinho. E ele disse-me que está chateado por ter falhado aquele golo contra o United. E eu disse-lhe que enquanto houver compromisso, ele falhará mais um, dois e três, e estaremos com ele até à morte. Isso é que é inegociável, esse compromisso. O Gul tem, o Samu tem, o Danny [Namaso] tem, o Fran [Navarro] tem. Todos me dão valências diferentes e depois é escolher. Um avançado? Dois avançados? Um mais um?»
Samu e a seleção de Espanha: «Ele está bem, sabe que vai lá chegar. Até se vai cansar depois de jogar pela seleção.»
Dores de crescimento: «São normais numa equipa que se está a construir. Disse aos jogadores, depois do empate contra o United, para se agonizarem só naquela noite, porque na manhã seguinte queria toda a gente com energia máxima para atacar o SC Braga. Para mim também foi uma noite difícil, uma das piores. Mas não temos de nos lamentar. Se o fizermos, cairemos numa armadilha. Se o espaço for semanal, ok, dou-lhes mais 24 horas para a agonia. A equipa tem uma média de idades de 24 anos. É muito baixa.
E estou a incluir o Ivan Marcano, que nesta altura não pode competir. Faço questão que ele esteja nas convocatórias, pela maturidade que tem e dá aos colegas. Basta olhar para o United, ver quantos jogos têm o Bruno Fernandes e o Eriksen na Europa, e comparar esses números com os do Nico, do Varela e do Eustaquio. Queremos muito ganhar, mas é preciso ter bom senso e olhar em perspetiva. Não me vou cansar de correr riscos, porque sei o que tenho aqui. Sei que aqui não há grande espaço para errar, mas estou muito satisfeito com o que temos feito. Só nunca abdicarei do compromisso e da atitude.»
Preocupação na organização defensiva: «Se olharmos para a Liga Europa, talvez isso faça sentido. Na I Liga temos três golos sofridos em sete jogos. A Liga Europa é diferente e eu também não queria sofrer golos. Gosto que a minha equipa tenha solidez defensiva. Agora, a forma como temos atacado talvez esteja a provocar alguma dores no comportamento defensivo. Gosto de uma equipa alta no campo, meter mais gente na frente, ter centrais mais expostos do que é habitual. Temos é de conseguir contrariar os momentos de saída do adversário.
O Vitória era a melhor defesa da liga, sofreu três golos nossos e não é por isso que deixou de sofrer bem. O Sporting tem a melhor defesa do campeonato e sofreu quatro golos nossos na Supertaça. Temos de perceber o que aconteceu em cada jogo e porquê. Debatemos isso internamente para levá-lo a jogo. Voltar ao treino, corrigir, errar e corrigir. Há sempre erros, mas a equipa está a perceber a ideia e o nosso mapa orientador. Isso dá-me conforto para saber que o caminho está a ser bem percorrido.»