"Nós estamos a fazer análise, não posso dar detalhes sobre isso, vamos deixar que os técnicos da supervisão trabalhem com tranquilidade e, eventualmente, antes do final de dezembro, nós teremos uma posição, uma resposta que tem de ser objetiva e bem fundamentada", referiu Óscar Santos, ao ser interrogado sobre o assunto numa conferência de imprensa, na Praia.
Questionado sobre se a instabilidade no Burkina Faso pode influenciar a resposta, Óscar Santos recusou pronunciar-se sobre o que disse serem "aspetos que não fazem parte do quadro legal".
"Vamos deixar que os técnicos de supervisão microprudencial trabalhem com tranquilidade", reiterou: "Eu vou ter de receber as propostas, bem fundamentadas e aí o conselho decide, ou sim ou não".
"Haverá despacho seguramente até finais de dezembro, assim espero", concluiu.
A CGD anunciou a venda da participação maioritária, 59,81% do capital social do BCA, à Coris Holdings do Burkina Faso.
A venda será feita por 70,5 milhões de euros, mas a concretização da mudança está à espera das formalidades de direito cabo-verdiano, nomeadamente, do parecer do banco central.
A alienação faz parte do plano de reorganização da atividade internacional da CGD, que vai continuar presente em Cabo Verde através do Banco Interatlântico.
A Coris Holding apresenta-se como uma instituição financeira aprovada pela Comissão Bancária da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) cujas principais atividades estão organizadas em torno do setor bancário sob a marca Coris Bank International com nove filiais.
Além do Burkina Faso (onde está cotada em bolsa), está presente na Costa do Marfim, Mali, Togo, Benim, Senegal, Níger, Guiné-Bissau e Guiné-Conacri.
A Coris Holding inclui ainda uma sucursal de financiamento islâmico, o Coris Bank International Baraka, presente noutros sete países.
O sistema financeiro cabo-verdiano conta com oito bancos comerciais sendo o BCA um dos maiores.
Desde 2015, o Burkina Faso enfrenta grupos fundamentalistas islâmicos ligados à Al-Qaida e ao grupo extremista Estado Islâmico, que controlam muitas zonas do país e atacam constantemente a população.
O país foi alvo de dois golpes de Estado em 2022: um em 24 de janeiro, liderado pelo tenente-coronel Paul-Henri Sandaogo Damiba, e outro em 30 de setembro, liderado pelo capitão Ibrahim Traoré, que detém o poder.
Burkina Faso, Níger e Mali anunciaram a saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), formando entre eles um novo bloco, a Aliança dos Estados do Sahel, mas os analistas consideram baixa a probabilidade de deixarem a União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), que tem como moeda o franco centro-africano (CFA).
A UEMOA é uma união monetária de oito países: Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo.
LFO (MBA) // MLL
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