No documento atualizado das Perspetivas Económicas e Orçamentais 2024-2028, que é elaborado num cenário de políticas invariantes, o CFP projeta um "abrandamento do ritmo de crescimento do produto interno bruto (PIB) em volume para 1,8% em 2024 (2,3% em 2023)", acima do crescimento de 1,6% que estimava em abril.

Apesar da previsão de crescimento do PIB para este ano ter sido revista em alta, é inferior àquela estimada pelo Governo, de 2%, segundo o cenário macroeconómico que foi transmitido aos partidos pelo executivo nas reuniões sobre o Orçamento do Estado para 2025.

O Banco de Portugal também prevê um crescimento de 2% em 2024, segundo o boletim económico de junho, enquanto a Comissão Europeia aponta para uma subida de 1,7% e a OCDE de 1,6%.

Para os próximos anos, o CFP projeta um crescimento de 2,4% em 2025 (acima da projeção de 1,9% de abril) e 2,1% em 2026.

"Este desempenho será impulsionado pela aceleração do investimento público, especialmente através da execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). As medidas de política com impacto no rendimento disponível das famílias contribuirão para o dinamismo do consumo privado em 2025", explica o organismo liderado por Nazaré da Costa Cabral.

Já no que diz respeito à inflação, medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), esta "deverá também desacelerar para 2,7% em 2024 e 2,2% em 2025, estabilizando em torno de 2% a partir de 2027", refletindo a política monetária do Banco Central Europeu e a "diminuição das pressões inflacionistas associadas aos preços das matérias-primas energéticas e bens alimentares".

A projeção para este ano é revista em alta face às perspetivas de abril, que apontavam para uma variação do IHPC de 2,6%.

Para o mercado de trabalho, este cenário "perspetiva um maior ritmo de criação de emprego em 2024", indica o CFP, ainda que ressalvando que "as condicionantes demográficas deverão limitar o seu crescimento a médio prazo, projetando-se um crescimento nulo do emprego no final do horizonte de projeção, enquanto a taxa de desemprego deverá diminuir de 6,5% em 2024 para cerca de 6,0% em 2028".

Nestas perspetivas, o CFP deixa a ressalva de que existem riscos descendentes para este cenário "em grande medida relacionados com o contexto externo de elevada incerteza, incluindo tensões geopolíticas associadas à fragmentação do comércio mundial e a conflitos armados, o risco de volatilidade nos mercados financeiros, nomeadamente devido à evolução da inflação, e da própria política monetária, bem como, de forma mais gradual, os riscos associados às alterações climáticas e à degradação do capital natural".

"Quanto aos riscos ascendentes, assinala-se uma variação mais favorável da procura interna, desde logo do consumo privado, num contexto de maior propensão a consumir por parte das famílias, aliada a taxas de poupança elevadas, diminuições da taxa de juro e medidas de política fiscal com impacto positivo sobre o rendimento", destaca a instituição, concluindo que, "no seu conjunto, consideram-se os riscos globalmente equilibrados, tanto para o crescimento como para a inflação".

O CFP divulga também as perspetivas orçamentais, que apontam para excedentes orçamentais até 2028, "mas de menor dimensão do que o projetado em abril, em consequência do impacto das medidas entretanto aprovadas".

Já o rácio da dívida pública "deverá situar-se em 78,3% do PIB em 2028, o que representa um decréscimo de 20,8 p.p. do PIB face ao observado em 2023".

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