As perdas, estimadas em 138 mil milhões de yuan (17,6 mil milhões de euros), causaram problemas de fluxo de caixa aos concessionários, que se encontram numa situação em que a sobrevivência é vez "mais difícil", disse a Associação de Concessionários de Automóveis da China (CADA), num relatório.
A associação afirmou ter apresentado o relatório às autoridades competentes para chamar a atenção para as dificuldades que o setor enfrenta e para obter assistência financeira. A associação não indicou o nome das autoridades.
"O consumo fraco e a pressão dos grossistas mantiveram os inventários dos concessionários elevados, mas para aliviar a tensão financeira e reduzir os custos dos empréstimos, os concessionários estão a ser forçados a vender veículos a preços reduzidos", afirmou a CADA. "A guerra de preços em curso agravou o problema dos concessionários que vendem com prejuízo, sendo que quanto mais carros vendem, maiores são as suas perdas", indicou.
Os concessionários estão a lutar para cumprir as suas obrigações financeiras e o tempo de que dispõem para manter um fundo de maneio suficiente foi reduzido ao seu limite absoluto, segundo o relatório.
Os principais atores da indústria automóvel chinesa travam uma dura guerra de preços desde janeiro de 2023, quando a Tesla introduziu uma segunda ronda de descontos elevados para os seus veículos elétricos, levando os fabricantes de automóveis locais a responder. Várias grandes empresas locais, incluindo a Xpeng e a BYD, líderes na produção de carros elétricos, reduziram os preços várias vezes desde então para se manterem competitivas.
O desconto global para carros novos foi de 17,4% em agosto, de acordo com a associação.
As dificuldades já causaram algumas vítimas. A China Grand Automotive Service, o segundo maior concessionário de automóveis da China continental, com mais de 730 pontos de venda em todo o país, foi excluída da Bolsa de Valores de Xangai em agosto, depois de as suas ações terem sido negociadas abaixo do seu valor nominal durante 20 dias consecutivos.
A queda do concessionário seguiu-se ao desaparecimento da Pang Da Automobile Trade, que se tornou a primeira empresa do setor a entrar em colapso, em junho de 2023.
"Estes fracassos empresariais resultam, em grande medida, de problemas de liquidez [em todo o setor], em vez de estarem diretamente relacionados com as operações dos concessionários", afirmou a CADA. "O colapso da cadeia financeira acabou por resultar no encerramento das empresas".
"Uma vez que a indústria de distribuição de automóveis é de capital intensivo e é maioritariamente constituída por empresas privadas, o reforço do apoio financeiro aos concessionários será crucial para estimular o consumo de automóveis e fazer avançar o desenvolvimento global da indústria", lê-se no relatório.
JPI // VM
Lusa/Fim