A intervenção do Estado na Efacec pode superar os 560 milhões de euros, revela esta quarta-feira a auditoria que está a ser feita pelo Tribunal de Contas, a que a SIC teve acesso. Apesar do Estado poder vir a recuperar mais de 380 milhões de euros com a venda da empresa, no documento lê-se que a nacionalização falhou os objetivos.
Em novembro passado, o então ministro da Economia, António Costa e Silva, admitia que o Estado podia não recuperar a totalidade do valor injetado. A auditoria do Tribunal de Contas aponta para isso mesmo: o financiamento público, até ao momento, fixa-se nos 484 milhões de euros (445 milhões da Parpública e 35 milhões do Banco Português do Fomento) aos quais acrescem 4 milhões em avaliações e assessorias. O órgão que fiscaliza as contas públicas destaca o valor "bem acima do dobro dos 208 milhões" inicialmente previstos.
Contas feitas, tendo em conta os encargos, a fatura pode ascender aos 560 milhões de euros (mais 80 milhões de euros que podem ainda ser gastos pelo Estado em passivos ou perdas potenciais). A venda prevê o retorno de 385 milhões de euros para a Parpública e de 178 milhões de euros para o novo dono, o fundo Mutares, que gastou 15 milhões.
A Efacec foi nacionalizada em 2020, ficando o Estado a deter 71,73%, na sequência do arresto judicial de bens da empresária angolana Isabel dos Santos, que detinha a maioria do capital da empresa. Pedro Siza Vieira, na altura ministro da Economia no segundo Governo de António Costa, foi o responsável pela nacionalização, anunciada como uma medida temporária para estabilizar a empresa enquanto se procurava um comprador.
Em junho de 2023, o Governo aprovou a proposta da alemã Mutares para a privatização da Efacec, sem revelar os valores envolvidos. A venda foi concluída no dia 1 novembro desse ano, dias antes da queda do Executivo de António Costa, a 7 de novembro. Com a saída de cena do governo socialista, caiu também por terra a criação de uma comissão parlamentar de inquérito à venda da Efacec, proposta pela Iniciativa Liberal, com o objetivo de investigar a gestão do grupo desde a nacionalização em 2020 até à sua privatização em 2023.