O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, anunciou esta quinta-feira, no Parlamento, que o Executivo autorizou a despesa para que a CP - Comboios de Portugal possa ser certificada para operar em Espanha, numa estratégia de internacionalização.

"Já autorizamos a despesa para que a CP seja certificada para operar em Espanha", afirmou Miguel Pinto Luz na Assembleia da República, acrescentando que o executivo tem "vindo a incentivar a que sejam desde já realizados os estudos para a operação na Corunha".

"Para nós há algo que é óbvio: se a Renfe se prepara para operar em Portugal, a CP também tem de se preparar para operar em Espanha. É assim num mercado aberto, é assim numa CP com ambição", defendeu o ministro.

Miguel Pinto Luz explicou que o Governo acredita que a transportadora ferroviária, além de uma operação internacional, opere o serviço público e a Alta Velocidade.

No campo da Alta Velocidade, o governante apontou que a CP será dotada das condições necessárias "para adquirir o material circulante que esta considera necessário para operar a Alta Velocidade".

Miguel Pinto Luz foi chamado ao parlamento por interpelação do Livre, no âmbito do Passe Ferroviário Nacional e do investimento na ferrovia em Portugal.

Antes, a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, reivindicou a paternidade do Passe Ferroviário Nacional, salientando que foi o partido que apresentou a medida há dois anos, "não apenas como uma proposta de transição ecológica, mas também como uma medida de combate à inflação".

"O senhor ministro Miguel Pinto Luz veio descrever o Passe Ferroviário Nacional como uma 'medida revolucionária', capaz de democratizar o acesso à ferrovia' para todos os cidadãos. Pois é, senhor ministro. O Livre sabe que é uma medida revolucionária e por isso a apresentou há dois anos", disse.

Isabel Mendes Lopes afirmou que "as boas ideias são para se roubar" e acrescentou que, já que o Governo aproveitou a ideia do Passe Ferroviário Nacional, pode agora "dar boleia" a várias outras ideias do Livre, "que são igualmente revolucionárias e que democratizam a mobilidade".

"Aliás, algumas já demos e o PSD votou contra, como a retoma dos comboios noturnos, essenciais para a mobilidade internacional e até para percursos longos dentro do país", frisou, pedindo também que o investimento no Passe Ferroviário Nacional seja acompanhado de "um forte investimento na mobilidade".

"E aqui voltamos à ferrovia. Um sistema de mobilidade nacional alicerça-se no seu transporte pesado, na sua ferrovia. A ferrovia em Portugal tem sofrido muito nas últimas décadas. Onde devíamos ter investido, renovado, melhorado, desinvestiu-se e fecharam-se linhas", criticou, defendendo que é preciso "reforçar a oferta" para dar "mais comboios para responder à procura".

"Os quase 19 milhões com que a CP vai ser compensada pelo Passe Ferroviário preveem o reforço da oferta para fazer face à procura?", questionou, pedindo ainda que este passe seja um caminho para a criação de um Passe de Mobilidade Nacional, ou seja "que dê acesso, em todo o país e em todo o território, à rede de transportes públicos".