O primeiro-ministro e o secretário-geral do PS vão finalmente reunir-se na próxima sexta-feira, às 15 horas, para debater o Orçamento do Estado para 2025, confirmou este domingo fonte do gabinete de Luís Montenegro.

A informação foi transmitida à agência Lusa cerca de uma hora depois de o primeiro-ministro ter enviado um comunicado às redações a acusar o secretário-geral do PS de “indisponibilidade recorrente”, alegando que estava a tentar marcar uma reunião com Pedro Nuno Santos sobre o documento desde 4 de setembro.

“No seguimento de contactos anteriores entre as delegações, o primeiro-ministro está, desde 4 de setembro, a tentar marcar uma reunião com o secretário-geral do partido socialista. Porém, até agora isso não aconteceu devido à indisponibilidade recorrente” de Pedro Nuno Santos, refere o comunicado.

Segundo o gabinete do chefe do Governo, essa reunião entre os dois “chegou a estar agendada para o passado dia 18, tendo o primeiro-ministro reiterado disponibilidade para manter a reunião, não obstante ter cancelado todos os outros compromissos na agenda durante esta semana, devido ao foco necessário para acompanhar a situação dos incêndios. No entanto, o secretário-geral do partido socialista desmarcou essa reunião”.

“Incompreensível e inaceitável”, diz PS

Numa nota enviada às redações, o PS considerou “incompreensível e inaceitável” a declaração de Luís Montenegro sobre o processo negocial do Orçamento, em concreto a suposta falta de resposta desde 4 de setembro.

Trata-se de uma provocação e é uma atitude difícil de entender no quadro de boa fé negocial e do sentido de Estado que se exige de todos os intervenientes”, lamento o secretário-geral do PS em comunicado.

“O único objetivo deste tipo de comunicação só pode ser o de desviar a atenção dos outros temas que estão a marcar a atualidade – como os incêndios que assolaram o país na semana passada – e de criar indesejável instabilidade política”, acrescenta.

Os socialistas dizem ainda não ter “qualquer hesitação” e lamentam que “estas fugas de informação deturpada para a imprensa só servem para alimentar especulação e erodir a confiança necessária para que este processo negocial seja levado a bom porto”. “O PS não está disponível para continuar a alimentar estas discussões infantis e estéreis”, atira.

Falta de disponibilidade?

Ainda antes desta troca de acusações entre Montenegro e Nuno Santos, o PS já tinha contrariado as declarações do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, na quinta-feira, sobre o processo de negociação do Orçamento do Estado. “Não correspondem à realidade”.

Leitão Amaro disse que o Governo ainda aguardava as propostas do PS e que “não havia desenvolvimentos” quanto a novas reuniões entre ambos. “Ninguém sabe o que é que o PS quer e é importante, sabendo que o Governo mantém a disponibilidade” para as negociações, declarou.

O PS ficou “surpreendido” com estas declarações. “As reuniões entre as lideranças do partido socialista e do Governo têm sido alvo de contacto entre as duas partes, mas as agendas de ambos não permitiram ainda esse agendamento”, defendeu então.