Para que uma história seja bem contada é necessária a combinação de vários fatores. É preciso que tenha um princípio, meio e fim, que se conecte com o público e que o faça mudar de página quando está a ler. É assim que o ator norte-americano, Chazz Palminteri, vê os pontos essenciais para criar um bom roteiro cinematográfico.

Este foi um dos temas abordados no primeiro dia do Tribeca Festival Lisboa. Uma conversa, com a moderação de Rui Maria Pêgo, que além do ator norte-americano, juntou, também, em palco Albano Jerónimo e Vitória Guerra, a diretora de casting Patrícia Vasconcelos, o argumentista Pedro Lopes e a produtora Joana Vicente.

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Da emoção ao ponto de vista do escritor

Para os oradores, a capacidade de passar emoção quando se conta uma história é um ponto fundamental para o sucesso. Para Pedro Lopes, não se ensina essa habilidade, até porque todos temos um ponto de vista diferente e é isso que torna o texto único.

“Quando leio um script vejo sempre a emoção que passa”, explica Pedro Lopes.

À emoção junta-se a autenticidade. Quem conta, qual é a história, como é que se conecta com o material que querem criar", diz Joana Vicente que explica que é isso que a "apaixona" numa história.

Para Vitória Guerra, a essas características junta-se o ponto de vista do realizador que, juntamente com um texto, ajudam a criar uma personagem. A atriz explica que tanto é importante o que está escrito, como as entrelinhas.

"O texto é importante, mas o que não é escrito também (...) porque tenho de usar o corpo e as emoções para passar a mensagem", disse Vitória Guerra.

O roteiro ou a performance… o que pode salvar um filme

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Será que ter um roteiro muito bem escrito basta para um filme ter sucesso ou a performance pode ser o “bote de salvação” de um projeto. A resposta, para os oradores, não foi certa e as opiniões acabaram por se dividir.

Por um lado, Joana Vicente diz que “ter uma grande performance é essencial”.

“Matas o script se não tiveres uma grande performance”, diz Joana Vicente.

Uma ideia partilhada por Vitória Guerra que acredita que há uma “dependência” entre a representação e o texto: “Às vezes uma pequena performance de cinco minutos pode salvar um filme”.

Também Albano Jerónimo acredita no poder de reagir ao que está a acontecer.

“Fiz três filmes sem script (...) escrevíamos no momento (...) apenas tínhamos de viver", relembra.

Por outro lado, Chazz Palminteri, Patrícia Vasconcelos e Pedro Lopes têm a opinião de que um bom roteiro é essencial para o sucesso de um filme.

" Podes ter tudo, mas se o script é mau o filme é mau (...) um mau diretor pode destruir um bom script", explica Chazz Palminteri.

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Mas há um ponto onde todos têm a mesma opinião. Um bom texto é peça fundamental para conseguir ter um projeto coeso e bem feito. No entanto, é preciso haver inovação, originalidade e sair da zona de conforto.

“[Atualmente há quem] não escreve uma boa história, escreve aquilo que vai vender (...) não quero saber de reviews… se gostaram ainda bem, se não gostarem tudo bem também (...) faço filmes que gosto e só isso me interessa ”, acrescenta Palminteri.