Imagine um lugar onde as pessoas podem juntar-se para ler e depois dançar e discutir os temas dessas leituras, com um copo à mistura. Já não precisa de imaginar, porque está prestes a concretizar-se. Está a chegar a Portugal a primeira “Reading Party” (ou 'festa de leitura', se quisermos dizê-lo em bom português).
O evento – que é gratuito - acontece no próximo dia 14 de setembro, um sábado, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa, pelas 17h00. A festa integra-se na iniciativa “Cidade do Zero”, um festival dedicado à sustentabilidade, com várias iniciativas, como palestras e oficinas, relacionadas com a área.
“A “Reading Party ” é quase como se fosse um book club em esteroides”, brinca Rita Saias, curadora do evento.
Em entrevista à SIC Notícias, Rita Saias adianta que o conceito surgiu em Nova Iorque e que teve a ideia de trazê-lo para terras lusas, com “as adaptações necessárias”.
“As pessoas escolhem um determinado livro, de uma lista de livros sugeridos” e, no dia da festa,têm “30 minutos para estar a usufruir da leitura num parque e, depois, 30 minutos para ouvir música e partilhar reflexões” sobre o tema das leituras, explica Rita Saias.
Nesta edição, que acontece no âmbito da “Cidade do Zero”, o tema das leituras será, naturalmente, o Ambiente – as obras sugeridas vão desde Greta Thunberg a Bill Gates, passando por Al Gore, mas também por livros infanto-juvenis, para que toda a família possa participar. A ideia é, contudo, haver mais festas no futuro, em que as leituras incidam sobre outros assuntos variados.
O evento conta também com a parceria da Wook, onde, se assim quiserem, os festeiros podem comprar os livros selecionados com desconto.
Quanto à parte musical da festa, fica a cargo de Mafalda Nunes, curadora de música e diretora criativa do Sequin Fight Club.
"Ler para não sermos presas fáceis da desinformação"
Rita Saias explica à SIC Notícias que a festa se inclui nas atividades do“Politicamente Correto”, um projeto que pretende “trazer as pessoas para dentro do sistema político e aproximar as instituições dos cidadãos” (e que já tem criado um clube de leitura).
“Muitas vezes, as pessoas não se envolvem tanto quanto gostariam porque sentem que não sabem o suficiente e não há melhor forma de procurar esse conhecimento do que através dos livros” , sustenta.
A curadora da “Reading Party” defende que a leitura é “um ato de autocuidado”, mas que também deve ser “um instrumento de construção social”.
“Nós sabemos que o nosso planeta está em crise, a nossa democracia a nível global também. E o que queremos muito que aconteça nesta “Reading Party ” é que nos tornemos todos em cidadãos informados, empoderados, e criar massa crítica, para, em conjunto, podermos construir um mundo melhor”, sublinha.
É, portanto, uma festa para “sairmos das nossas bolhas, promover o encontro, o debate, a reflexão”, para que “não sejamos presas fáceis do populismo, da demagogia, da desinformação”.