Tem 25 anos de carreira como humorista, mas decidiu arriscar e iniciar outra: a de ator. Estreou-se na representação na novela Amor Amor, SIC, em 2021, e a partir daí nasceu outra paixão. Fernando Rocha, conta em conversa exclusiva com TV 7 Dias, que decidiu investir, também, nesta área.

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“É um formato que gosto de fazer e vou dizer como me estou a sentir. Eu tenho 25 anos de comédia. Não tenho muito mais para fazer ou provar. Tenho três anos de ator, ficção. Imaginem eu agora estar a tirar o curso de representação, lutas cénicas… estou com aquela motivação de puto, quando comecei a carreira de humorista há 20 anos”, diz o humorista, mostrando de seguida o entusiasmo que sente. “Não é incrível, eu com 50 anos, estar aqui com cenas na minha cabeça, com projetos para o futuro, todo motivado, como se tivesse 20 anos? Pode não dar em nada, mas só o momento que eu estou a passar é fixe”, afirma. Fernando Rocha optou por não voltar à universidade como tinha frequentado em 2008 quando fez o primeiro ano no curso de teatro, que deixou porque voltou à estrada com o Levanta-te e Ri. Desta vez contratou aulas particulares que recebe na sua empresa. “Contratei uma pessoa especializada. Neste momento, com a popularidade que eu tenho, ir para uma escola iria haver barulho e depois não consigo estar atento… prefiro contratar um professor privado e ter algumas aulas privadas para me dar formação de representação, lutas cénicas, coreografias, de como construir uma personagem. Eu desfoco-me”, explica.

Fernando Rocha ainda não teve férias de verão e deverá conseguir ter uns dias descanso em família em setembro. O motivo é simples. No verão há sempre muito trabalho. “Há muitas festas, romarias, arraiais. Não é muito inteligente um artista fazer férias no verão. Prefiro trabalhar e depois quando vier o setembro, a coisa já não é assim tão forte, eu pego na mulher e nos filhos e vou dar um passeio onde eles quiserem”, partilha.

Amante de viagens, o humorista revela que tem um sonho de vida que gostava de concretizar talvez daqui a cinco anos. “Gosto de conhecer o mundo. O meu sonho era chegar a uma altura da minha vida, 55/60 anos pegar na minha Maria e ir correr mundo. A vida está feita, os filhos estão arrumados, ‘agora vamos conhecer mundo’. Puseram-nos neste Planeta, por isso é para nós o conhecermos. E temos sorte que é pequenino. Não conseguirei ir a todo o lado do mundo, como é lógico, mas queria passar o resto da minha vida, eu e a minha Maria a passear e a usufruir o que o planeta tem para nos dar. É um objetivo”, refere.

Fernando Rocha sempre se mostrou desprendido de bens materiais e na conversa com a TV 7 Dias, voltou a revelá-lo. “Não estou a pedir muito. Abdico de iates, Porsches e casas e Ferraris. Antes quero correr mundo com a minha Maria. Não dou valor a coisas materiais, nem sequer ao dinheiro, se calhar devia dar mais. Eu coleciono boas pessoas e junto-as ao meu grupo a quem chamo o meu clã”, sublinha.

“É fácil trabalhar com a minha mulher”

Sempre com uma agenda cheia, Fernando Rocha assume que “a comédia está de boa saúde” e que estão “a colher” o que semearam durante anos com o Levanta-te e Ri e com os programas que fazem na internet. “Vamos a todo o lado, aos emigrantes. Durante estes anos todos criou-se uma habituação das pessoas irem ver comédia e espetáculos. Todos nós humoristas, uns mais do que outros, mas todos temos tido trabalhinho no verão. Não é uma característica só da minha carreira, é geral e ainda bem, assim todos nós nos safamos, porque todos nós precisamos de por comida na mesa”, sublinha.

A família do humorista não se queixa, até porque como diz, os filhos Diogo, de 25 anos, e Catarina, de 19, “nasceram neste meio” e a mulher, Sónia, é a sua agente. “É quem trata da minha agenda. A viagem é feita a dois. É giro, porque às vezes quando ela fala diz ‘a nossa carreira’. Acho isso tão fixe. Todas as decisões que eu tomo, pergunto-lhe sempre a ela e à malta da minha empresa, porque eu sei que se alguma coisa acontecer de mal com a carreira do humorista Fernando Rocha, essa gente toda vai pagar por tabela, porque é à conta disso que vai pôr comida na mesa. Não sou dono do nome em si, tenho sempre de lhes perguntar o que eles acham”, afirma. O facto de trabalhar com a mulher não belisca em nada a relação de casal. “É fácil trabalhar com a minha mulher porque não estamos sempre juntos, eu posso estar a fazer o meu trabalho e ela estar em casa. Ela trabalha com uma agenda, com o telemóvel e o computador que anda sempre com ela. Como não estamos 24 horas por dia presentes ao lado um do outro… isso se calhar poderia ajudar a saturação. Não existe isso. Trabalhamos bem, em equipa, para o mesmo meio. Trabalhamos assim há 20 anos”, diz, feliz com este casamento.

Outro enlace feliz é o que tem com a SIC. “Continuo a gostar de fazer o Domingão, para mim é relaxamento. O meu pai ia para a pesca, pegava na cana e ia desanuviar a cabeça. O Domingão faz-me esse efeito. É um programa popular, solto, divertido. Passamos ali uma tarde em arraial, com os amigos, são sempre as mesmas caras, já é uma família. Não olho para o Domingão onde tenho de decorar texto, estar preocupado, é relaxe”, termina.

Texto: Ana Lúcia Sousa (ana.lucia.sousa@worldimpalanet.com) Fotos: Arquivo Impala