Graça Freitas tornou-se num dos rostos mais conhecidos dos portugueses quando, assim que despoletou a pandemia Covid-19, guiou o país através de decisões, muitas vezes difíceis, que visavam o bem da população e a garantia do máximo possível de saúde no território nacional.

Porém, enquanto 'comandava' o país num dos períodos mais negros da história, também enfrentava uma dura batalha: a do cancro. Pela primeira vez, a ex-diretora-geral da saúde falou abertamente sobre esta fase da sua vida no podcast Tenho cancro. E depois?, da SIC Notícias.

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Sobre a doença, Graça Freitas decidiu nunca falar de forma pública como forma de proteger a sua mãe, de 94 anos, que não soube dos três cancros que a filha teve: na mama, no colo do útero e na pele. Mas eis que agora a médica escolheu falar ao país sobre um momento claramente desafiante da sua vida.

"Eu preocupava-me mais com a pandemia, vou-lhe ser sincera. A pandemia era a minha prioridade na altura. Nós temos sempre prioridades na vida e eu achava que já tinha passado o pior do cancro. Eu já estava em velocidade de cruzeiro em relação ao cancro, já estávamos a fazer terapêutica de segurança, não era uma coisa de primeira necessidade nem era um tratamento milagroso, portanto eu creio que suportando bem as dores, a minha grande prioridade era a pandemia. Isso eu não tenho a mínima dúvida", disse em entrevista.

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Segundo as palavras da ex-diretora-geral da saúde, não restam dúvidas de que a pandemia se sobrepôs à sua vida e luta pessoal. "O cancro tomou conta de mim, umas vezes com medo, outras vezes com mais pânico, e durante a pandemia a angústia era a angústia pandémica, o nevoeiro não era o cancro, o nevoeiro era a pandemia", fez questão de salientar.

E o que levou Graça Freitas a decidir virar as suas maiores atenções para a pandemia e não para o cancro? A resposta deu-a no podcast. "Eu precisava de pensar que de alguma forma o cancro estava controlado ao ponto de eu poder fazer a minha vida normal. Era muito importante para mim saber que aquela parte da minha vida estava a ser acompanhada, a ser tratada, e que eu podia de alguma forma torná-la secundária para me dedicar a outra coisa mais importante", acrescentou ainda.