Pedro Chagas Freitas expressa a dor em palavras e é isso que tem feito desde que o pequeno Benjamim, o filho, se encontra internado. O menino já foi submetido a um transplante de fígado, mas continua internado.
Neste domingo, 11 de agosto, o escritor revelou aquilo que mais lhe custa no internamento do filho: a espera.
Houve gelados, houve pipocas, houve peluches a falar, a cantar, houve pistas de carrinhos, houve corridas (as possíveis, com tantos fios) pelo corredor, houve risadas altas, sorrisos a toda a hora, conversas trocadas com os vizinhos e as vizinhas de quarto, esperas pela comida junto ao elevador, houve folia da boa. Assim foi o dia, hoje como ontem. Enquanto não chega a próxima batalha (não deve demorar muito, não pode demorar muito, e vai doer tanto, a espera dói sempre tanto), andamos pelo hospital como se andássemos em cima do escorrega, enganamos a dor com humor. Colocar uma gargalhada sobre a ansiedade é como plantar, e regar, flores de plástico. Que seja, então. As flores de plástico também têm cor, também têm a vida que colocarmos nelas, também podem ser salvação. Amamo-nos assim: fazemos da alegria uma angústia que dança.