Num comunicado emitido a propósito da onda de calor e dos incêndios, com o intuito de ajudar a prevenir complicações respiratórias, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) lembra que a agudização de doenças respiratórias crónicas "é frequente neste período", aparecendo igualmente doenças agudas como as broncopneumonias.

Recorda também que no verão, principalmente nos dias de temperaturas muito elevadas, associada à poluição automóvel, é produzida "uma grande quantidade de ozono", que contribui para a descompensação das doenças respiratórias crónicas em ambientes urbanos.

Residentes abandonam as suas habitações em Covelo, Gondomar
Residentes abandonam as suas habitações em Covelo, Gondomar JOSE COELHO

“Consequências gravosas para a saúde das populações”

Nos meios rurais, com os incêndios, são libertadas "grandes quantidades de poluentes com repercussões importantes na qualidade do ar" e com "consequências gravosas" na saúde das populações expostas. Para ajudar a minimizar as consequências para a população que sofre de doenças crónicas, a SPP elenca 10 recomendações.

  • 1. Proteja boca e nariz com máscara ou lenços húmidos.

  • 2. Permaneça no interior das habitações, mantendo as portas, janelas e tampas de lareiras fechadas. Se necessário, tapar as frinchas existentes com panos molhados.

  • 3. Utilize sistemas de purificação de ar, se os tiver. Se tem ar condicionado, deve acionar a opção de recirculação de ar (não utilize aparelhos elétricos se o incêndio é na sua habitação ou no seu prédio. Nesse caso, saia imediatamente da habitação).

  • 4. Se precisar de ir para a rua, numa zona com fumo, utilize um pano molhado para tapar o nariz e a boca.

  • 5. Se a temperatura estiver muito elevada dentro de casa e se não tiver ar condicionado, procure outro abrigo ou tente ser evacuado para uma zona com menos fumo.

  • 6. Se permanecer em casa, não fume, não acenda velas nem qualquer aparelho que funcione a gás ou a lenha. Evite tudo o que puder aumentar a poluição dentro de casa.

  • 7. Se tem de atravessar de carro uma zona com fumo, mantenha as janelas e os ventiladores fechados. Se o carro tiver ar condicionado, ligue-o em recirculação.

  • 8. Perante uma atmosfera com fumo, respire devagar, controle-se e não entre em pânico.

  • 9. Deve ter consigo a medicação de socorro (SOS) e usá-la, caso necessário. Se tiver ou mantiver as queixas, deve recorrer ao médico ou ao serviço de urgência mais próximo.

  • 10. As pessoas que sofrem de doença grave ou de outra situação que as debilite nas situações de calor, não devem colaborar no combate aos incêndios.

Residentes em Covelo, em Gondomar, protegem as suas habitações do incêndio
Residentes em Covelo, em Gondomar, protegem as suas habitações do incêndio JOSE COELHO

Para mais informações ligue para o SNS24: 808 24 24 24.

Em caso de emergência ligue o 112.

JOSE COELHO

É um mito a ideia de que é bom ingerir leite em caso de intoxicação por fumo

A Direção-Geral da Saúde (DGS) também fez recomendações sobre o que fazer em situação de inalação de fumos dos incêndios, como retirar a pessoa do local e observar se apresenta queimaduras faciais e sinais de dificuldade respiratória, e recordando que é um mito a ideia de que é bom ingerir leite em caso de intoxicação por fumo."Não vem descrito em artigos científicos a sua utilidade. O leite não é um antídoto do monóxido de carbono", realça.

Mais de uma centena de concelhos sobretudo das regiões Norte e Centro mantêm-se em perigo máximo de incêndio devido ao tempo quente, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Sete pessoas morreram desde domingo e 40 outras ficaram feridas na sequência dos incêndios que atingem as regiões norte e centro do país.

Situação de alerta decretada

Por causa do calor, o IPMA emitiu aviso amarelo para os distritos do Porto, Setúbal, Viana do Castelo, Lisboa, Leiria, Aveiro, Coimbra e Braga, pelo menos até às 18:00 de hoje.

O Governo alargou até quinta-feira a situação de alerta devido ao risco de incêndios, face às previsões meteorológicas, e anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para lidar com as consequências dos fogos dos últimos dias, com sede em Aveiro e coordenada pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida.