Descrente no resultado das negociações, depois de apresentadas as propostas do Governo, o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) manteve a greve marcada para esta sexta-feira.

“Temos até nos cuidados de saúde primários, nomeadamente na área da Póvoa de Varzim, que estão muito próximos dos 90%. (…) Os hospitais centrais, os seus blocos operatórios de cirurgia programadas não funcionaram, os serviços de cirurgia de ambulatório também estão praticamente encerrados e as taxas de adesão nos serviços onde os colegas têm de vir prestar cuidados mínimos, também muitos deles a 100%”, diz Fátima Moreira do SEP.

No entanto, durante a manhã desta sexta-feira, a SIC esteve no Hospital do São João no Porto e notou que o impacto da greve, pelo menos nesta unidade hospitalar, foi pouco visível tendo em conta que foram poucos os que relataram constrangimentos.

A motivação para este protesto manteve-se, mesmo depois da segunda ronda negocial com a ministra da Saúde. O SEP reclama a contratação de mais profissionais para que esta falha não seja colmatada com o esforço extraordinário dos que estão no ativo e exigem a vinculação dos precários que já exercem no SNS.

“Os valores propostos são ofensivos. Dar aumentos de 52 euros a 40 mil enfermeiros, fazer com que muitos enfermeiros especialistas se mantenham na primeira posição remuneratória a ganhar 1500 e tal euros e dizer que vai avançar uma posição remuneratória, mas não dizer quando, como, quantos anos… isto cria um sentimento de revolta com certeza que vai merecer uma resposta enérgica dos enfermeiros”, diz Fátima Moreira

Sindicato anuncia novas ações de luta

Uma resposta que parece já ter chegado esta sexta-feira com o anúncio de 12 novas ações de luta ainda este mês. Segundo o dirigente sindical, José Carlos Martins os protestos têm início "já segunda-feira" com uma concentração na Unidade Local de Saúde da Guarda e no dia seguinte com uma greve no turno da manhã em Viseu e com uma concentração.

Questionado se não teme que estas greves possam melindrar a relação com o Ministério da Saúde, o dirigente sindical disse que "as greves são legítimas e exigíveis em qualquer processo negocial".

"São a arma e a ferramenta que os enfermeiros têm para expressarem à entidade empregadora que não estão satisfeitos com o que está a ser proposto", afirmou, ressalvando que os profissionais não querem "mundos e fundos", mas propostas "justas, sensatas e razoáveis do Ministério da Saúde" porque as atuais "são uma vergonha".

Sindicato volta a reunir-se 4.ª feira com a ministra

A paralisação, que afetou os turnos da manhã e da tarde, foi convocada pelo SEP no dia 16 de julho, alegando que a apresentação da proposta de alteração das grelhas salariais continuava por cumprir, o que levou à suspensão das negociações na reunião marcada para esse dia.

O Sindicato voltou a reunir-se na quarta-feira com a ministra da Saúde e no final do encontro o presidente do SEP, José Carlos Martins, afirmou aos jornalistas que a greve se mantinha, porque a proposta apresentada pelo Governo continua a ser inadmissível, intolerável" e como tal os enfermeiros têm "razões acrescidas para manifestar a sua fortíssima indignação".

Com LUSA