As atividades mais simples, como caminhar, subir escadas ou segurar objetos, podem tornar-se tarefas desafiadoras e dolorosas e quando não tratadas atempadamente podem evoluir para a cronicidade associando-se a distúrbios do sono, ansiedade, depressão e afetar a qualidade de vida.
Em termos desportivos, a dor associada às lesões musculares e articulares pode ter um impacto ainda maior por limitar a capacidade de treinar e competir. Em situações com maior gravidade, pode inclusive ocorrer a interrupção total da atividade física.
A entorse da articulação do tornozelo constitui a lesão mais comum e a prevalência da dor crónica após uma entorse aguda é de 10% a 30% dos casos. Alguns fatores que podem influenciar a prevalência da dor crónica incluem a presença de lesões associadas, a gravidade da entorse, a presença de instabilidade articular residual, a idade do doente e a presença de condições pré-existentes, como artrite.
Relativamente à prevalência da dor após uma rotura muscular na população geral é menos estudada em comparação com outras condições músculo-esqueléticas, como o caso das entorses. É importante destacar que a dor crónica após uma rotura muscular pode ocorrer em alguns casos, especialmente se a lesão for grave, não for tratada adequadamente ou se houver complicações durante a cicatrização do tecido muscular.
Após uma lesão muscular ou entorse, são essenciais alguns cuidados para minimizar a dor e promover a recuperação da lesão. O tratamento inicial em geral envolve o repouso, aplicação de gelo, compressão e elevação do segmento lesionado para ajudar a controlar a dor, o edema e a inflamação. O uso de analgésicos e anti-inflamatórios pode ser necessário para controlar a dor aguda.
A realização de um programa de reabilitação adequado e individualizado à lesão, com exercícios terapêuticos, alongamento e fortalecimento muscular é de extrema importância para garantir a adequada cicatrização da lesão. A reabilitação e reintegração gradual na prática desportiva devem ser orientadas por um médico com especialização em contexto desportivo para evitar a sobrecarga e minimizar o risco de recidivas.
Além dos cuidados imediatos após a lesão, é fundamental adotar medidas preventivas para evitar novos episódios. Isso inclui a prática de um programa de treino adequado com fortalecimento muscular equilibrado, trabalho propriocetivo, alongamentos e aquecimento antes da atividade desportiva.
Em conclusão, a dor associada a roturas musculares e entorses na prática desportiva da população geral é uma preocupação de dimensão crescente. A prevalência da dor é alta e pode ter um impacto negativo no dia-a-dia e na continuação da prática desportiva.
A adoção de cuidados adequados após a lesão, incluindo tratamento especializado, reabilitação e medidas preventivas, é essencial para promover a recuperação completa e minimizar o risco de recidivas. A busca por orientação profissional especializada e a adoção de uma abordagem individualizada são fundamentais para garantir o bem-estar e a retoma segura da prática desportiva.
Texto:
João Paulo Castro, fisiatra do Centro Hospitalar Universitário de São João
Adriana Barbosa Pereira, interna de Medicina Física e de Reabilitação
do Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão
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