Os miomas uterinos afetam cerca de dois milhões de mulheres em Portugal. São uma importante causa de morbilidade, que por sua vez se reflete num elevado impacto na qualidade de vida, refere uma nota divulgada.

Irina Ramilo, membro da direção da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, afirma que “a suspeição diagnóstica faz-se pela história clínica, com os sinais e sintomas descritos pela mulher, que vão depender do tamanho e localização dos miomas”. “Os sintomas mais frequentes são a hemorragia uterina anormal e excessiva, com menstruações muito abundantes e prolongadas, podendo originar anemia. O exame pélvico, pode permitir identificar miomas quando estes são visualizados ou palpáveis. Para a confirmação diagnóstica, é necessário recorrer a exames de imagem que possam identificar os miomas e, com maior acuidade, distinguir as lesões potencialmente malignas das benignas”, indica a especialista.

Estudos revelam que existe um aumento substancial na prevalência de miomas uterinos face ao aumento da idade das mulheres. Segundo o comunicado enviado, este aumento pode estar relacionado com vários fatores, como os níveis hormonais entre diferentes faixas etárias, o aumento da taxa de rastreio e/ou diagnóstico à medida que a idade aumenta e potencial crescimento do mioma.

A incidência desta patologia aumenta com a idade até aos 50 anos, sendo que a partir desta idade as mulheres com miomas uterinos podem sentir sintomas mais agudizados, com maior probabilidade de menstruação intensa e grave, e consequentemente anemia. Além disso, mais de 60% das mulheres com a doença descrevem dor pélvica e 28% classificam esses sintomas como extremamente incómodos.

Regra geral, o tratamento é individualizado à mulher em questão, tendo em conta a sua idade, o desejo de fertilidade, a gravidade dos sintomas, bem como o tipo, tamanho e localização dos miomas. Assim sendo, a doente tanto pode não necessitar de intervenção, devido ao facto de não existirem sintomas, como podem ser necessários fármacos ou até mesmo cirurgia.

“O papel do tratamento farmacológico tem ganho desenvolvimento nos últimos anos”, indica Irina Ramilo. “O tratamento médico pode passar por anti-inflamatórios não esteroides, antifibrinolíticos, terapêutica hormonal, estroprogestativa ou progestativa, que conseguem controlar a hemorragia uterina anormal, no entanto não favorece a redução da dimensão dos miomas. Mais recentemente, surgiu uma nova terapêutica médica (antagonistas orais da GnRH) eficaz no controlo da hemorragia uterina anormal e da dor associada aos miomas para utilização ao longo prazo. Cirurgicamente, retirar o útero (histerectomia) é o tratamento definitivo, mas a miomectomia (remoção dos miomas uterinos) é, em casos específicos, uma abordagem terapêutica não só possível, mas até a mais indicada. A embolização das artérias uterinas constitui uma alternativa terapêutica, embora com indicações muito precisas e estritas, e ainda controversas”.

A campanha “Não és tu. É o teu útero” vai circular por todo o país e pretende alertar as mulheres para um diagnóstico precoce.

CG/COMUNICADO

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