O que é a hipertensão arterial?
Falamos em hipertensão arterial (HTA) quando o sangue circula com uma pressão aumentada nas nossas artérias, isto é, nos vasos que saem do coração para o nosso corpo. No consultório médico, consideramos HTA quando os valores são superiores a 140 milímetros de mercúrio (mmHg) de sistólica, a chamada “máxima”, e 90 mmHg de diastólica, a “mínima”.
Mas, isto não apenas numa medição única. Implica fazer três medições em, pelo menos, duas a três consultas. Ou seja, quando estamos em consultório, 14 de máxima e 9 de mínima são os limites para fazermos o diagnóstico de HTA.
“14 de máxima e 9 de mínima são os limites para fazermos o diagnóstico de HTA”
Quais são os fatores de risco para a HTA?
O natural envelhecimento da população, o consumo de sal, a obesidade, o sedentarismo, o consumo de álcool. Há vários fatores que se podem associar a um maior risco de desenvolver HTA.
Quais são as consequências de não controlar a pressão arterial?
As consequências do descontrolo da HTA é a agressão nos órgãos que vão ser irrigados por sangue com elevada pressão.
Se estivermos a falar do cérebro, a consequência pode ser, por exemplo, um acidente vascular cerebral (AVC), que continua a ser a principal causa de morte no nosso país.
Nos olhos, a HTA pode estar associada ao desenvolvimento de retinopatia, ou seja, há uma perda de visão.
A nível do coração associa-se ao risco de enfarte agudo do miocárdio e de desenvolver insuficiência cardíaca.
A HTA está associada também à doença renal crónica, que, em fases avançadas, pode levar o doente a precisar de diálise; assim como à disfunção sexual.
A nível dos membros inferiores, a HTA pode originar doença arterial periférica, que provoca dor incapacitante.
Estas são as grandes consequências da HTA não controlada, mas é preciso lembrar aquela que mais marca, que é o caso de haver um evento em que o doente não sobrevive, ou seja, em que morre neste contexto.
A HTA é silenciosa, não causa sintomas. Quais os sinais de alerta? Como podemos sensibilizar a população, sobretudo os mais jovens, para este facto?
A HTA é a chamada pandemia silenciosa. Na maior parte das vezes não dá sintomas e quando os há, normalmente, já há dano de órgão.
Para conseguirmos diagnosticar a HTA, precisamos de medir os valores. É normal que uma pessoa mais jovem vá menos ao médico, mas deve fazer consultas de rotina e ter uma noção de quando foi a última vez que mediu a pressão arterial.
No fundo, deve tentar ter um estilo de vida saudável para prevenir o desenvolvimento de outros fatores de risco. Deve medir a tensão arterial, para ter uma noção dos valores, da mesma forma que tem do peso, e, a partir daí, já sabe se é preciso vigiar e regular.
Se os valores estiverem normais, deve “apenas” tentar implementar medidas de estilo de vida saudáveis, porque este tem de ser o objetivo da nossa sociedade.
Se os valores estiverem aumentados, é necessário fazer uma vigilância regular e perceber se estamos perante o diagnóstico de HTA e implementar medidas para os baixar, por exemplo, na alimentação, é essencial reduzir o consumo de sal.
Quando chegar a diagnóstico de HTA, já será necessário atuar e ter outro tipo de atitude e de seguimento.
“É normal que uma pessoa mais jovem vá menos ao médico, mas deve fazer consultas de rotina e ter uma noção de quando foi a última vez que mediu a pressão arterial”
Para tal deve procurar-se o médico de família?
Exatamente. E, independente de ter de fazer a medicação ou não, o primeiro passo deve ser sempre a adoção das medidas de estilo de vida: reduzir o consumo de sal (o que está indicado são 5 gramas de sal por dia e nós consumimos uma média de 11 gramas); ter uma dieta equilibrada; tentar manter um peso adequado, ou seja, combater a obesidade e o excesso de peso; praticar exercício físico regularmente; e não fumar.
Texto: Sílvia Malheiro
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