A higiene é um estado de preservação da saúde, individual e coletiva, que resulta de um conjunto de comportamentos – pessoais e sociais – com meios básicos e baratos de limpeza e asseio, que desde cedo deverão integrar os hábitos quotidianos das pessoas para serem entendidos e assimilados como inerentes à fruição saudável da vida individual e social.

Grande parte das consequências indesejáveis resultantes de contaminações humanas por agentes vivos suscetíveis de produzirem doenças pode ser minimizada ou evitada com recurso a medidas e comportamentos simples e de baixo custo. Apenas é necessário que o conceito de higiene básica seja interiorizado e aplicado de forma regular e efetiva, gerando “hábitos saudáveis e bons”.

Para tal, a educação e pedagogia das crianças – pelo exemplo, ensino, marketing e vigilância – e da sociedade em geral, são meios essenciais para a obtenção de hábitos rotineiros de atitudes e comportamentos cujas consequências benéficas para a saúde individual e para a saúde pública, integrados como padrões de “boa higiene”, poderão reduzir, significativamente, muitas doenças transmissíveis. E a muito baixo custo!

O exemplo mais comezinho é a higiene das mãos, com água e sabão. Porque as nossas mãos são um dos principais veículos de transmissão de vírus, bactérias, compostos químicos, etc. os quais, parecendo inertes ou sendo ignorados, são responsáveis por contaminações cuja existência é, pela maioria das pessoas, menosprezada.

Reparem: o coronavírus-19 desencadeou uma enorme perturbação da vida das pessoas em todo o mundo. Atribuíram-lhe a qualificação de pandemia. Causou prejuízos incomensuráveis, destruiu pessoas, famílias, organizações, modelos sociais, padrões de qualidade de atos médicos. Justificou a morte de muitos em nome de alguns e de salvaguarda das estruturas de saúde. Proporcionou lucros a quem aproveitou a oportunidade de negócio, umas vezes de boa consciência, outras decorrentes da ignorância popular e por astuto oportunismo. Mas trouxe uma consciência da importância de salvaguardar a sua disseminação utilizando fluidos vários que, podendo ser bactericidas, se tornaram, sobretudo, alertas permanentes para os riscos da troca desprotegida e descontrolada de agentes perigosos passados de mão em mão.

Ora, passada a crise aguda, dominada pela controvérsia científica a par com o autoritarismo do poder político, já não há papão e a atitude impositiva que durou cerca de 2 anos, apagou-se. No dia a dia nota-se um regresso ao passado, com desatenção para comportamentos básicos, simples e de muito baixo custo, como lavar as mãos com água e sabão!

É de todos conhecido como nos confrontamos com o uso de sanitários, em espaços públicos, sem que, de seguida e por inerência aos factos, haja um comportamento higiénico elementar… lavar as mãos! Nestas circunstâncias, é o simples asseio e higiene básicos que se impõem, sem custos. Apenas é necessário haver educação e civismo.

É inquestionável que toda e qualquer pretensão de dinamizar boas práticas de higiene, quer individual, quer da sociedade, pressupõe a existência de informação, formação e infraestruturas com recursos operacionais. As infraestruturas, os domicílios, as escolas, as empresas, os espaços públicos, são necessidades absolutas e indispensáveis, lado a lado com a informação e a educação.

Mas como implementar e dinamizar uma mudança de hábitos e comportamentos que começam por ser entendidos como pertença da individualidade e, talvez, da comunidade familiar? Parece impossível, mas como em tantas outras áreas de costumes negativos, enraizados durante séculos, o que importa é dar o tiro de partida com a convicção de que o caminho é longo e será percorrido com lentidão.

Certamente, é possível enquadrar esta matéria melindrosa como parte do ecossistema natural, para a sobrevivência da humanidade, lado a lado com as temáticas da fome, do clima, das energias renováveis, da pegada do carbono, da destruição dos pulmões da Terra, etc.

A saúde pode ser preservada, a doença pode ser evitada, os recursos, tão escassos, podem ser mais bem aplicados e rentabilizados. O investimento na higiene oferece mais saúde e bem-estar, a cada um e a todos, evita doenças e contribui para a redução da despesa com as doenças.

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