O tratamento da obesidade tornou-se um dos grandes desafios globais no campo da saúde. Vários estudos recentes, elaborados em 200 países e territórios, concluíram que o número mundial de mulheres adultas com obesidade aumentou de 69 milhões em 1975 para 390 milhões em 2016, enquanto o número de homens com obesidade aumentou de 31 milhões para 281 milhões, durante o mesmo período.
Estes estudos também demonstraram que o aumento do IMC das crianças e dos adolescentes parecia estar estabilizado em muitos países com alto poder económico, embora mantendo os níveis elevados. Mas isto foi antes da pandemia de covid-19, os estudos parciais realizados até ao momento parecem indicar um aumento significativo do IMC em adolescentes e adultos. A vida tornou-se mais sedentária e o fast-food veio para ficar.
O desenvolvimento das tecnologias da informação e da comunicação (TIC) tornou-nos uma sociedade global da informação. A sua difusão em todos os aspetos sociais, incluindo a educação, levou à quebra de antigos paradigmas tradicionalmente estabelecidos ao longo de um século no campo da educação formal.
As TIC tornaram possível mover-se facilmente entre vários contextos educativos formais e não formais, eliminando a distinção entre distância e presença. Mas a integração das TIC e a sua utilização como ferramenta pedagógica implica mudança, transformação e inovação nas práticas pedagógicas. Assim, o uso das TIC nos contextos formais de educação deve ser acompanhado de reflexões sobre novas práticas de apropriação, construção e produção do conhecimento.
Várias intervenções que utilizam tecnologia para prevenir a obesidade foram testadas dentro e fora do ambiente escolar e tiveram uma influência positiva sobre comportamentos saudáveis. O uso massivo de computadores e smartphones conectados à Internet dentro e fora da escola permitiu muitas possibilidades pedagógicas (ensino e aprendizagem), com gestão flexível e individual do tempo utilizado com essas tecnologias.
Vários estudos têm sido conduzidos nos últimos anos para analisar o impacto das intervenções comunitárias ou escolares sobre o comportamento alimentar, mas também sobre o conhecimento específico que os adolescentes têm ou mantêm sobre nutrição e estilos de vida saudáveis. Em geral, estudos sobre este tema mostram resultados animadores sobre a efetividade do uso das TIC na educação nutricional e na mudança de hábitos alimentares. A razão pode ser que os adolescentes encontrem essa abordagem mais atrativa do que as estratégias pedagógicas tradicionais, mas também pela sua flexibilidade de uso em diferentes contextos sociais ou escolares e o fato de estimular a busca pelo conhecimento.
O estudo da obesidade é um tema muito complexo e multifatorial. De facto, a quantidade de comida ingerida, não explica sempre o IMC de um determinado indivíduo. Fala-se atualmente de genes e de ambiente, mas também de mecanismos neuro endócrinos que poderiam influir no apetite (comer alimentos sólidos, a consistência destes sólidos, a quantidade de proteína diária, a densidade proteica de um alimento concreto e um longo etecetera). Também se fala cada vez mais da importância da microbiota (colónias de bactérias intestinais) e a sua capacidade de absorver ou eliminar determinados nutrientes, o que pode ter uma grande influência no peso.
Por outra parte, para ter uma alimentação adequada, há que ter conhecimentos e estes conhecimentos têm de ser aprendidos e assimilados o mais cedo possível. Possivelmente o início da adolescência, em que os jovens começam a ser independentes, e concretamente na escola, lugar de passagem obrigatório de todos os jovens, sejam a altura e o lugar de eleição adequados. Esta aprendizagem tem de ser mediada pelas TIC, companheiras inseparáveis dos jovens atuais, e que permitem uma possibilidade de interação bidirecional.
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