Localizado muito próximo das cidades de Aveiro, Figueira da Foz e Coimbra, o município de Mira está inserido integralmente na região da Gândara, que se estende entre as bacias dos rios Vouga e Mondego, fazendo igualmente parte da associação dos municípios do Baixo Mondego e Gândara, região que mantém viva a gastronomia, na paisagem e mediante uma cultura peculiar, onde a arte xávega ainda resiste à erosão das gentes e do tempo.

Encanta pelas praias, lagoas, ria, floresta e campos agrícolas para percorrer a pé ou de bicicleta, em pleno convívio com a natureza. Foram os árabes que deram o nome àquela que é hoje vila. "Mira" deriva de "mir" ou "emir", evocativo de senhor, príncipe, chefe ou governador. Esta "Terra do Senhor" foi assim designada por se distinguir pela beleza e clima.

Ciclovia em Mira
Ciclovia em Mira Turismo Centro de Portugal

Campos dunares, pinheiros bravos e mais de 200 aves
A Lagoa de Mira é um local privilegiado para observar a biodiversidade da região, para além de proporcionar um cenário paisagístico de contemplação, pode ser percorrido mediante vários percursos pedestres disponíveis como a Rota das Dunas em que se conhece a Barra e Praia de Mira e atravessa extensos campos dunares, o canal de Mira, além de matagais e praias de perder vista. A Lagoa de Mira comunica com a Lagoa da Barrinha pela chamada Vala da Cana. O concelho de Mira encontra-se coberto por uma floresta de pinheiro-bravo e é dominado por uma cobertura arenosa de origem sedimentar recente, designada por “Areias da Gândara”. Cerca de metade do concelho está classificado como Sítio Rede Natura 2000 – Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas, um estatuto ambiental ao nível europeu para a proteção de habitats e de espécies, e inclui dunas, pinhais, lagoas e ribeiras. Parte da zona marítima e o Canal de Mira, na área de sapal do Areão de Mira, pertence à Zona de Proteção Especial da Ria de Aveiro, uma salvaguarda para a biodiversidade e proteção da avifauna aquática. Na região são suscetíveis de observação mais de 200 espécies de aves.

Capela de Nossa Senhora da Conceição na praia de Mira
Capela de Nossa Senhora da Conceição na praia de Mira CM Mira

Terra, mar e tijolos cozidos ao sol
Altamente interativo, localizado numa antiga escola primária, o Museu do Território (Tel. 912629239) divide-se por duas áreas: "o Tempo e o Homem" e o "Homem, a Terra e o Mar". Em terras devotas ao patrono São Tomé, o espaço museológico dá a conhecer o território da Gândara e ao descobri-lo serve de aperitivo para conhecer as paisagens com um novo olhar. Proporciona uma viagem pela História da Terra e do Homem em que os elementos principais são o conglomerado de Mira, a evolução do território, bem como um conjunto de achados arqueológicos que demonstram a importância destas terras. Na segunda zona expositiva, o visitante contacta com os aspetos etnográficos culturais mais emblemáticos como as Artes da Pesca, os Caretos da Lagoa, figuras tradicionais do Carnaval daquele lugar, os Palheiros de Mira, a Casa Gandaresa e o fabrico artesanal dos adobes, tijolos cozidos ao sol.

Museu do Território - Gândara
Museu do Território - Gândara CM Mira

O homem, o barco e as redes
É uma atividade que representa uma forma de vida, mas que exerce um grande fascínio sobre quem tem oportunidade de assistir à prática deste tipo de pesca antiga, a Arte Xávega. Junta a agilidade e força dos pescadores com as redes, o barco e implica um saber específico passado de geração em geração. É possível de ver na Praia da Mira entre abril e outubro, onde, ainda hoje, os pescadores, organizados por companhas, enfrentam a rebentação e vão ao mar num peculiar barco de madeira em forma de meia-lua, para depois lançarem as enormes, mas bem trabalhadas redes, cercando e trazendo para terra os cardumes. Para puxar essas redes para a praia contam com a ajuda de tratores, que vieram substituir as possantes juntas de bois que durante décadas os ajudaram. Acontece então o ponto alto da pesca, a abertura do saco da rede que dá a descobrir a pescaria. Escolhe-se o peixe que escorrega das mãos conhecedoras dos pescadores para as canastras da lota.

Praia de Mira
Praia de Mira CM Mira

Bandeira azul desde 1987
Na Praia da Mira, a única zona balnear do mundo a manter a Bandeira Azul desde 1987, o areal é extenso e convida a caminhadas, mas, na envolvente há passadiços de madeira sobre as dunas e uma pista ciclopedonal que atravessa diversas paisagens para experimentar. Mira continua terra de pescadores, mas afirmou-se como estância balnear. Junto à praia, destaca-se a Capela de Nossa Senhora da Conceição, de madeira, pintada às riscas azuis e brancas, um dos principais símbolos da povoação e a estátua que homenageia o Povo da Praia de Mira, uma escultura em Bronze de Alves André.

Rume à Praia do Poço da Cruz, não urbana, e à Lagoa de Mira, passando por floresta, moinhos de água e caniçais e termine a praticar surf longe das multidões, uma imagem de marca descrita no mote “Surf No Crowd”. Para lá das dunas, a Mata Nacional, onde o pinheiro predomina, e a Lagoa da Barrinha com águas serenas convida à prática de desportos náuticos, nomeadamente a vela, a canoagem e o windsurf. Todas estas paisagens encontram-se protegidas e classificadas de Rede Natura 2000 e designada por: “Dunas de Mira, Gândara e Gafanhas” - Sítio de Importância Comunitária.

Casa Gandaresa
Casa Gandaresa CM Mira

Moinhos e moleiros que contam histórias
Graças a alguns moleiros, os moinhos de água de Mira ainda teimam em laborar. Terão surgido em força logo após a introdução do milho como cultura dominante no concelho. Devido aos cursos de água abundantes e de um caudal regular, a instalação de moinhos ao longo das valas e ribeiros, a multiplicação aconteceu naturalmente. Conheça os Moinhos da Lagoa, na maioria construídos em madeira, tal como as casas típicas da beira-mar. Existem três núcleos, totalizando seis moinhos de rodízio, onde três estão prontos a laborar e um trabalha diariamente na produção de farinha de milho para a afamada broa. Converse com os moleiros, sempre dispostos a contar histórias. Nos Moinhos da Fazendeira, entre a Lagoa e o Casal de São Tomé, circundado por cursos de água, floresta e campos agrícolas, observa-se uma represa de água com patos, gansos e peixes de água doce e seis moinhos, um dos quais a laborar com a ajuda do moleiro Fernando Cruz. Entre o Casal e a Ermida, os Moinhos da Areia foram objeto das mais recentes recuperações. Têm dois casais de mós e um em funcionamento. Os moinhos do Miranda laboram inseridos numa propriedade com uma pequena lagoa cheia de peixe, relvados, pomar, vinha, olival e outras árvores de grande porte.

Palheiros de Mira - Posto de Turismo
Palheiros de Mira - Posto de Turismo CM Mira

Palheiros do Mira
Conheça o quotidiano dos pescadores da Praia de Mira no Museu “Palheiros de Mira” (Tel. 92447375) designação que era dada à localidade de Mira até aos anos 60 devido às construções de madeira utilizadas no início do século XX nesta aldeia piscatória. Este museu funciona num antigo palheiro tradicional, apresenta uma resenha das atividades piscatórias da região centro, sobretudo da zona da Gândara. Tem patentes exposições de conceituados pintores nacionais e documentação sobre os pelourinhos de Mira, o percurso dos moinhos de água, a Casa do Visconde, a Igreja Matriz de Mira, a capela da Praia de Mira, as dunas, as lagoas, as matas de pinhal, as espécies arbóreas e os animais da região.

Gastronomia gandaresa
Gastronomia gandaresa CM Mira

“Sarabulho”, “Arroz de lebes” e “Sardinha na telha”
Nos dias 9 e 10 de novembro celebra-se gastronomia gandaresa, o património, a cultura, a identidade gandarense em Seixo da Mira, num evento pioneiro que junta gastronomia, tradições, património e cultura gandaresa, “Sabores e Saberes da Gândara”. No Centro de Interpretação da Casa e Cultura Gandaresa prove as especialidades gandarense durante todo o fim-de-semana. Pode saborear pratos como “Sarrabulho”, “Arroz de lebes” (também conhecido como “Arroz de fressura”), “Sardinha na telha”, “Bacalhau com batata a murro”, “Febras da Matança”, e terminar no Magusto Comunitário. Participe em workshops gastronómicos de broa de milho e sardinha na telha.

No dia 9 há formação gratuita dedicada ao tema “Gândara - Passado, Presente e Futuro”. Conte ainda com animação musical do João Ribeiro e Amigos e do Grupo Folclórico Flores Vivas do Seixo. A cozinha é parte importante da identidade da Gândara, das tradições aos produtos locais. São bem típicos da Gândara o “Sarrabulho”, a “Sopa gandaresa”, as “Favas com quinhões”, as “Papas com torresmos”, o “Arroz de lebes”, a “Canja”, a “Galinha guisada”, o “Arroz pardo” ou a “Sardinha na telha”, o “Pitau de raia”, ou, nas sobremesas, “Arroz-doce” e “Filhós”, recriados no livro Cozinha Gandaresa coordenado pela Associação Cultural e Recreativa do Seixo de Mira, a junta de freguesia do Seixo e o chef Luís Lavrador.

Gastronomia em Mira
Gastronomia em Mira CM Mira

Sopa de peixe e outros sabores do mar
Os sabores do mar predominam na ementa do restaurante Salgáboca (Tel. 231471158), situado em Mira. A “Sopa de peixe” é uma ótima forma de começar a refeição neste lugar com uma situação de grande proximidade com o oceano. Especializado na confeção de peixe e marisco nacional, propõe para entrada a ameijoa capturada no Atlântico, preparada com molho à Bulhão Pato e segue a viagem à mesa com aquilo que a faina trouxe na madrugada, pronto a saltar para grelha. No tacho, reinam a “Caldeirada de peixe” e “Pitau de raia”.

Maçarico Beach Hotel
Maçarico Beach Hotel Expresso

Ficar alojado virado para o mar
Com o mar como vizinho, o Maçarico Beach Hotel (Tel. 231471114) prolonga o efeito do grande azul através das cores marítimas da decoração. Selecionado pelo Guia Boa Cama Boa Mesa de 2024 e distinguido com o Selo de Qualidade Recheio tem a piscina infinita um lugar de eleição. Comporta 30 quartos, a maioria com varanda, decorados com inspiração na arte xávega numa homenagem às artes piscatórias ainda encontradas na praia de Mira.

Roteiro de Fim de Semana é uma iniciativa Boa Cama Boa Mesa, com o apoio do Recheio, que semanalmente, ao longo do ano de 2024 vai dar a conhecer os principais eventos gastronómicos, entre festivais, feiras e mostras, que promovem regiões, restaurantes e produtos locais.

Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver código de conduta), sem interferência externa.

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