Como as anteriores, a edição deste ano do FOLIO – a nona - é subordinada a um assunto que lhe serve de âncora e de guia. O FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, que o ano passado atraiu cerca de 90 mil visitantes sob o tema “Risco”, quer agora dedicar-se a explorar a “Inquietação”. Entre 10 e 20 de outubro, fá-lo-á, como sempre, a conversar em torno de livros e de literatura, e sob diversos ângulos. Ao todo, são 600 as iniciativas congregadas, atravessadas por duas efemérides impossíveis de esquecer: os 50 anos da Revolução de Abril e os 500 anos do nascimento de Luís de Camões.

“Ao longo deste ano de preparação do FÓLIO, descobri uma lista interminável de inquietações; a maioria é claramente a espuma do tempo e está ao serviço de agendas políticas. Essas inquietações não cabem aqui. Encontrei algumas, poucas, recentes, como a inquietação perante a inteligência artificial, as alterações climáticas e a perceção de que os nossos filhos viverão pior que nós. Porém, no essencial, existe um padrão. Inquietamo-nos com o outro, com a guerra; com a democracia, com os baixos salários e a falta de habitação”, escreve Pedro Sousa, curador do FOLIO Autores, no catálogo do festival. “Focaremos a nossa atenção na inquietação perante a pobreza, a condição da mulher, as migrações, a luta de classes, o racismo estrutural, o amor e a influência cultural sobre os nossos comportamentos. No livro, no medo e na culpa. E na morte, claro”, especifica.

Na “Cidade Literária”, categoria atribuída a Óbidos pela Unesco, desenha-se um mapa complexo e cheio de atividades. À inauguração, na quinta-feira 10 de outubro, segue-se um núcleo de propostas a que só alguém com o dom da ubiquidade poderá acorrer sem ter de fazer escolhas. Tudo está a acontecer ao mesmo tempo em espaços distintos, pelo que há muitos itinerários possíveis. Um deles pode ser o de seguir a programação do Folio Autores, que decorre só aos fins de semana e que ao longo do Festival se desdobra em 14 mesas com 39 intervenientes, 22 dos quais escritores internacionais.

Maaza Mengiste, Burham Sömnez, Bruno Patino, Natalia Timerman, Katrine Engberg, Isabela Figueiredo, Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia, Andrey Kurkov, Eleanor Catton, Jean-Baptiste Andrea, Velibor Čolić, Madalena Sá Fernandes, Mónica Ojeda, Hanna Bervoets, Danya Kukafka, Beatriz Serrano, Max Porter, Manuel Jabois, Karina Sainz Borgo, Tiago Ferro, Scholastique Mukasonga, Anna Kim, Tatiana Salem Levy, Alberto Manguel, Irene Vallejo e Juan Gabriel Vázquez são algumas das presenças confirmadas.

Além do Autores, o FOLIO Mais e o FOLIO Educa apresentam um programa diário, contemplando conversas, lançamentos de livros, oficinas, leituras, masterclasses e palestras. Se o Educa traz na manga 260 eventos com 160 participantes nacionais e internacionais, o Mais contabiliza umas 120 iniciativas entre as quais se destaca a participação de Conceição Evaristo, a principal voz literária negra do Brasil. Somam-se também João Barrento (Prémio Camões 2023), Elvis Guerra, Verenilde Pereira, Carola Saavedra, Cebaldo Inawinapi, Ana Paula Tavares, Ellen Lima Wassu, Nieves Neira Roca, Kaká Werá, Juan Carlos Galeano, Yara Monteiro, Gisela Casimiro e Nieves Neira Roca, entre muitos outros.

Como habitualmente, haverá espaço para as artes, com exposições - PIM! Mostra de Ilustração para Imaginar o Mundo, cuja inauguração é precedida da Entrega do Prémio Nacional de Ilustração - e muita música. Neste caso, um alinhamento de 13 concertos feito pelo FOLIO Boémia, com nomes como Nancy Vieira, Maria João, Concerto Gume, Miss Universo, Luta Livre, emmy Curl, Melanie Russo e as Ninfas do Lis a cantarem José Afonso.