A partir das 00.01 do dia 15 de agosto (quinta-feira), o pessoal da easyJet fica parado, uma paralisação que promete afetar quem tinha fito planos para o fim de semana grande potenciado pelo feriado, já que se prolonga até ao último minuto do dia 17 de agosto. O pré-aviso, aprovado com 99% do tripulantes a votar favoravelmente e a que o SAPO teve acesso, já foi enviado aos "ministérios competentes" e à empresa, sendo a greve vista pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) como último recurso depois de esgotadas todas as tentativas de diálogo e negociação.

A paralisação irá afetar bem mais do que quem planeava viajar pela low cost nestas datas. De acordo com o que se inscreve no pré-aviso, a greve é decretada para "todos os voos realizados pela easyJet, bem como para os demais serviços a que os tripulantes de cabine estão adstritos: assistências em casa e no aeroporto; qualquer tarefa no solo, ou seja, qualquer tarefa ordenada pela empresa, nomeadamente instrução ou outro serviço em que o tripulante preste atividade; inspeções médicas no âmbito da Medicina do Trabalho; situações de deslocação em posicionamento; recurrent ou quaisquer outras ações de formação no solo; deslocações às instalações da empresa, desde que expressamente ordenadas por esta, com o objetivo do desempenho de atividade integrada na esfera das obrigações laborais".

O sindicato não pretende sequer assegurar serviços mínimos, considerando que "o conceito de necessidades impreteríveis se confina às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, por razões de coesão nacional e isolamento das populações para quem é essencial este meio de transporte" e sendo tais destinos assegurados por outras companhias aéreas. "Consideramos que não existem serviços mínimos a assegurar", vinca mesmo o sindicato.

Insatisfeitos com as condições de trabalho e o "cada vez mais acentuado desrespeito pela sua dignidade profissional", no pré-aviso, as razões invocadas para esta paralisação são determinadas pelos "infrutíferos esforços" para chegar a uma solução consensual. Os tripulantes consideram que não tem havido da parte da gestão da low cost interesse em resolver problemas que vão da "falta de estabilidade de escalas" ao "tratamento discriminatório relativamente à classe dos pilotos, nas compensações dadas relativamente à disrupção de verão", concretizando que aos pilotos de toda a rede foi triplicado o valor do SNC.

Queixam-se ainda os tripulantes de estar a ser pressionados para fazer horas extra para fins comerciais — "a companhia deve ter o número de trabalhadores necessários e não esperar que o tripulante entre em dias de folga ou ultrapasse os limites de tempo de voo", defendem, através do SNPVAC — e de se recorrer a "instrumentos excecionais/de emergência (discretion) de extensão de horário de trabalho como regra", uma solução de ocasião para colmatar a falta de pessoal que dizem ser flagrante, lembrando que a "prerrogativa do comandante, ou commander’s discretion, apenas pode ser utilizada em situações excecionais (unforeseen circumstances). E vincam por isso a necessidade de se acabar com "o contínuo e penalizante aumento do número de horas de trabalho".

No documento, o SNPVAC fala ainda em "erros sucessivos no processamento de vencimentos; ausência de recursos para colmatar falhas operacionais de planeamento e serviço de escalas; cálculo ilegal do subsídio de Natal nos contratos de trabalho intermitente; insuficiência de pessoal em todos os departamentos relevantes (escalas, recursos humanos, payroll); falhas de alojamento e transporte, com a nova modalidade 'reserve você, reembolsamos depois'; e (...) incumprimento do Acordo de Empresa no que diz respeito à utilização de Uprankers".