Cerca de 35 mil pessoas manifestaram-se esta terça-feira junto ao parlamento da Nova Zelândia, após uma marcha de nove dias pelo país contra uma proposta que põe em causa o estatuto da população indígena maori.

Em causa está uma proposta feita pelo deputado David Seymour, de origem maori e que pertence ao partido no poder, que pretende rever a interpretação do acordo entre a população indígena e a Coroa britânica, datado de 1840.

Para muitos dos manifestantes, além de um protesto, a marcha era também a celebração do ressurgimento da língua maori e da identidade indígena que a colonização britânica quase destruiu.

"Apenas a lutar pelos direitos pelos quais os nossos 'tupuna', os nossos antepassados, lutaram", disse Shanell Bob enquanto aguardava o início da marcha.
"Estamos a lutar pelos nossos 'tamariki', pelos nossos 'mokopuna', para que possam ter o que nós não conseguimos", acrescentou, usando as palavras maori para filhos e netos.

Aquele que foi provavelmente o maior protesto de sempre da Nova Zelândia em apoio dos direitos maori seguiu-se a uma marcha pacífica que durante nove dias atravessou o país em direção à capital Wellington.

Para muitos participantes, a manifestação refletiu uma crescente solidariedade relativamente aos direitos indígenas por parte dos não-maori.

Nas paragens de autocarro durante o habitual percurso matinal, pessoas de todas as idades e raças aguardavam com bandeiras da soberania maori.

Algumas escolas locais disseram que não registariam os alunos como faltosos e também a presidente da câmara de Wellington, Tory Whanau, se juntou ao protesto.

David Seymour tem defendido que o processo de reparações de décadas em que as autoridades britânicas violaram o tratado, nomeadamente através da expropriação de terras, criou um tratamento especial para os povos indígenas, ao qual se opõe.

Deputado neozelandês David Seymour
Deputado neozelandês David Seymour Mark Tantrum

Os detratores do projeto dizem que a proposta iria diluir os direitos dos maori, que ainda estão em desvantagem face à população de origem europeia, de acordo com quase todos os indicadores sociais e económicos.

Com Lusa