A magnitude da catástrofe provocada pela tempestade que atingiu a região de Valência, em Espanha, há três dias, já começou a ser avaliada pelas autoridades locais e o cenário, segundo uma ata da reunião do Centro de Coordenação Operacional Integrado (CECOPI) da Comunidade Valenciana, é devastador.

O documento, divulgado esta sexta-feira pelo jornal espanhol El Diario, dá conta de um número provisório de 1900 pessoas desaparecidas e 202 mortas (desde então, mais três foram confirmadas). A ata menciona ainda que 70 corpos foram localizados mas ainda aguardam resgate oficial, enquanto as buscas prosseguem em condições adversas.

Note-se que a contabilização dos desaparecidos resulta de um registo feito pelos próprios cidadãos através de uma linha especial criada pelo serviço de emergência 112. O número era maior na quinta-feira, mas entretanto 600 pessoas foram localizadas. No total, esta linha recebeu 75 mil chamadas até sexta-feira.

As autoridades estimam que a quantidade de pessoas desaparecidas possa diminuir nas próximas horas, à medida que forem sendo encontradas - além disso, ressalvam que o número de registos pode estar a ser inflacionado por uma eventual duplicação de chamadas por parte de familiares diferentes.

Durante a reunião do CECOPI, foram deixados vários alertas. Entre eles, a possibilidade de haver vítimas mortais em veículos enlameados em estradas secundárias e o facto de o Hospital La Fe, um dos maiores de Valência, estar à beira do seu limite operacional com a alta procura dos serviços de emergência.

A dificuldade de comunicação com alguns municípios devido à falta de cobertura telefónica foi também destacada. Em resposta à tragédia, Pilar Bernabé, delegada do governo na região de Valência, já exigiu que o exército fosse distribuído por todos os setores para reforçar o socorro às vítimas.