Pelo menos 25 pessoas morreram e outras 26 foram baleadas em cinco dias de manifestações de contestação dos resultados das eleições gerais em Moçambique, indica uma atualização da plataforma eleitoral Decide.
As mortes e os disparos com armas de fogo ocorreram entre 13 e 17 de novembro, em pelo menos cinco províncias moçambicanas, durante a quarta etapa de paralisações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que contesta a vitória de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), que venceu com 70,67% dos votos.
Segundo a plataforma de monitorização eleitoral, houve ainda 135 detenções em Moçambique na sequência dos protestos, a maior parte das quais registadas na Zambézia, centro do país, com um total de 25 detidos.
De acordo com a comunicação social local, pelo menos sete pessoas morreram na noite de sexta-feira, após serem atropeladas durante protestos na província de Maputo. A Lusa tentou, sem sucesso, contactar a polícia para obter mais informações sobre este caso.
Três sedes da Frelimo vandalizadas no centro do país
Pelo menos três sedes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) foram incendiadas na província de Manica, centro do país, desde o início das manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, disse hoje fonte oficial.
"Vimos de novo, antes de ontem [sábado], a vandalização da sede número três na zona de 07 de Abril, o que nos deixou mais uma vez muito preocupados. Nós queremos condenar este comportamento, porque não é um comportamento político saudável de boa convivência de muitos partidos dentro do nosso país", explicou o primeiro secretário provincial da Frelimo em Manica, Tomás Chitlango, ao canal privado STV.
Nestas vandalizações, houve a destruição de equipamento informático, imobiliário e a queima de documentos do partido.
O responsável expressou ainda preocupação com o envolvimento de crianças nestas manifestações e marchas pós-eleitorais.
Venâncio Mondlane, que ficou em segundo lugar com 20,32% dos votos, afirmou não reconhecer os resultados das eleições de 9 de outubro, que deverão ainda ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo em 7 de novembro, que provocou o caos na capital, com registo de mortos, diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.
Venâncio Mondlane anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.