"Cerca de 50 anos de governação de um partido único [Frelimo] e Moçambique está cada vez mais empobrecido e as desigualdades sociais estão cada vez mais acentuadas", acusou Ossufo Momade, em declarações na aldeia de Xinhambuse, província de Manica, centro do país.

O líder da Renamo, partido que tal como há cinco anos volta a apoiar a sua candidatura presidencial nas eleições gerais de 9 de outubro, participou na cerimónia fúnebre de André Matade Matsangaísse, primeiro comandante e um dos fundadores daquela força, 45 anos após ter morrido em combate, na Gorogonsa, que se realizou este sábado na aldeia de Xinhambuse, a sua terra natal.

Para o presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o país atravessa um período que desafia setores-chave, destacando, além das desigualdades sociais, as fragilidades da educação e saúde.

"O acesso à comida para a maioria das famílias moçambicanas é um problema diário", acrescentou o líder da oposição, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, de ter "delapidado" o Estado desde a independência, em 1975.

Para Ossufo Momade, Moçambique precisa de uma juventude mais ativa face aos dilemas que o país enfrenta, apesar de ser "rico".

"É hora de mudar", frisou Ossufo Momade, avançando que as pessoas, sobretudo a juventude, precisam de um "compromisso coletivo".

A partidarização do Estado, acrescentou o candidato, também deve ser travada, bem como o suposto nepotismo, que descreveu como um dos "grandes males que afetam" o país e travam a sua independência económica.

O líder do principal partido de oposição em Moçambique é um entre os quatro candidatos à Presidência de Moçambique, numa disputa que conta ainda com Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro partido representando no parlamento, e Venâncio Mondlane, ex-membro e ex-deputado da Renamo, apoiado pelo Partido Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), sem representação parlamentar.

Moçambique realiza em 9 de outubro as sétimas eleições presidenciais, às quais já não concorre o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite constitucional de dois mandatos, em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.

Mais de 17 milhões de eleitores estão inscritos para votar, incluindo 333.839 recenseados no estrangeiro, segundo dados da Comissão Nacional de Eleições.